Em um debate acirrado na Rádio Jornal, no final da manhã desta segunda-feira (5), o deputado federal Silvio Costa (PSC), vice-líder do governo na Câmara Federal, criticou duramente o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes, relator das contas da presidente Dilma Rousseff (PT) de 2014 que teve o afastamento do processo pedido pelo Planalto depois de adiantar o voto com rejeição da gestão petista. Para Silvio Costa, Nardes está "a serviço da oposião" e politizou a questão. Na história de mais de 80 anos do TCU, nunca a conta de um presidente da República foi julgada irregular. O resultado pode servir de base para a oposição dar seguimento a um pedido de impeachment no Congresso.
Leia Também
"No artigo 71 está dizendo que para que um cidadão seja ministro do TCU, tem que ter reputação ilibada. Ele podia ter na época, hoje não tem mais. Porque esse cara apareceu na operação Zelotes, segundo a imprensa nacional. Esse cara, segundo a imprensa nacional, apareceu na operação Castelo de Areia. Este cara politizou e está a serviço da oposição. Faz 80 que uma conta de um presidente da República não é rejeitada. Esse cara vem politizando há muito tempo. Então, esse cara não tem moral para isso. Esse cara tinha que ser destituído", afirmou o deputado do PSC, que disse já ter consultado a Constituição para saber se havia alguma punição possível para o ministro do TCU.
Ouça a íntegra do debate no site da Rádio Jornal.
Em resposta, o deputado Mendonça Filho, líder do DEM na Câmara, saiu em defesa do ministro. "O Augusto Nardes está fazendo o seu voto de acordo com o que reza a Constituição e a lei. Essa é a pratica do PT, quando não gosta de alguém vai lá e monta dossiê, estabelece pressão, bota a Polícia Federal em cima para intimidar o sujeito. E a gente tem que fazer com que o Tribunal de Contas julgue com isenção", disse Mendonça.
O debate da Rádio Jornal foi marcado pelo bate-boca entre Silvio Costa e Mendonça Filho. Enquanto o governista acusou a oposição de ficar calada em relação as contas na Suíça do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o democrata disse que ele pertencia ao PMDB, que é aliado do Planalto, e até chegou a emplacar o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) no ministério da Ciência e Tecnologia.
Os dois também divergiram em relação a responsabilidade pela perda do grau de confiança do Brasil na avaliação de investimento. Para Silvio Costa, quem mais contribuiu foi o Congresso, que votou "pautas-bomba" de forma irresponsável. Já segundo Mendonça, a culpa é totalmente do governo Dilma.
Mais ponderado, o deputado Tadeu Alencar (PSB) afirmou que o pedido do Planalto para afastar Nardes demonstra uma "baixa qualidade" da argumentação governista durante o processo, mas advertiu que não é responsável um magistrado se manifestar antecipadamente sobre uma questão, antes mesmo de o acusado apresentar a sua defesa.
