ENTREVISTA

"Queremos ampliar nossa participação no Estado", diz Aécio Neves

Em conversa com o JC, por telefone, ele analisa que é cedo para antecipar se a aliança de 2014 com o PSB será reeditada no Recife

Marcela Balbino
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Publicado em 27/11/2015 às 7:15
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Em conversa com o JC, por telefone, ele analisa que é cedo para antecipar se a aliança de 2014 com o PSB será reeditada no Recife - FOTO: Foto: Agência Senado
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Presidente do PSDB, Aécio Neves desembarca nesta sexta (27) no Recife para agenda do Instituto Teotônio Vilela. Às vésperas do ano eleitoral, a visita inclui ainda encontros com Geraldo Julio (PSB) e Jarbas Vasconcelos (PMDB). Em conversa com o JC, por telefone, ele analisa que é cedo para antecipar se a aliança de 2014 com o PSB será reeditada no Recife, mas ressalta que o PSDB quer ampliar seu espaço político no Estado.

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JORNAL DO COMMERCIO - Vem sendo ventilada uma possível reedição da aliança de 2014 entre PSB-PSDB nas eleições municipais, mas têm tucanos no Estado despontando como nomes competitivos para corrida eleitoral, num momento em que o PSDB tem procurado assumir um protagonismo. Diante deste cenário, o senhor acredita em chapa única?

AÉCIO NEVES - Política é a arte de administrar o tempo. Decisões tomadas no tempo errado não terão efeito adequado. Óbvio que a questão municipal vai estar em voga na nossa pauta. O PSDB vai chegar nessas eleições municipais no Brasil inteiro mais forte do que nunca. Nós somos o contraponto deste PT que está aí, vamos relembrar sempre que dissemos a verdade na campanha eleitoral. Agora não vamos antecipar decisões.

JC - Qual a expectativa para o encontro no Recife? As eleições estão na pauta?
AÉCIO
- O PSDB, através do Instituto Teotônio Vilela, tem proposto uma série de seminários no Brasil para tratar de vários assuntos. O encontro é uma oportunidade para reunirmos lideranças do PSDB no Estado e eu sou sempre muito grato – apesar de não termos vencido as eleições – do apoio que eu tive em Pernambuco. É a chance de voltarmos a conversar com forças políticas do Estado que são próximas a nós. Pretendo fazer uma visita ao ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), com quem tenho uma ótima relação aqui no Congresso Nacional, com o prefeito Geraldo Julio (PSB), teria também com o governador Paulo Câmara (PSB), mas ele está viajando.

JC - E qual o tema do encontro com Geraldo Julio?
AÉCIO - Nós temos com o PSB uma relação extremamente relevante. E, ao mesmo tempo, o PSDB tem nomes muito qualificados, tanto no Recife quanto em outras cidades da Região Metropolitana e no interior do Estado. Nós queremos ampliar nossa participação, mas a decisão será tomada no momento certo, quando ela estiver madura. Vou ter encontro amanhã (hoje) com o prefeito Geraldo Julio, o deputado Jarbas e com nossa bancada. Todas as decisões que vamos tomar serão discutidas com as instâncias municipais e estaduais do partido.


JC - Como membro do Senado, qual sua avaliação da prisão do senador Delcídio Amaral? Qual o posicionamento do PSDB quanto à cassação do mandato dele?

AÉCIO - O sentimento de todos foi de perplexidade, com a prisão e com as denúncias, mas eu acho que teve uma coisa positiva nisso tudo, que foi a solidez das nossas instituições, como a Procuradoria Geral da República (PGR), a Polícia Federal, o Supremo Tribunal Federal e o próprio Senado, em última instância que tomou a decisão de respeitar a decisão do STF. É a demonstração de que, mesmo em momentos de crise tão aguda, as nossas instituições estão mais vivas do que nunca. Esse é o aspecto positivo, por mais que esse episódio não tenha trazido nenhuma alegria a nenhum de nós, mesmo a oposição. Vamos aguardar até o início da semana que vem o posicionamento do presidente (do Senado), Renan Calheiros. Houve um encaminhamento por parte de líderes da oposição no sentido de que o processo que vai ser encaminhado ao STF, com a decisão do Senado, seja também encaminhado ao Conselho de Ética para que possa avança nessa discussão (cassar o mandato).

JC - Nos últimos meses, o PSDB se aproximou do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, muito em função da abertura de um pedido de impeachment contra a presidente Dilma, o que não se concretizou. Agora, após as denúncias envolvendo o parlamentar, o senhor avalia que o partido errou a manobra?
AÉCIO – Ao contrário. O PSDB agiu como um partido de oposição devia agir. Nós não votamos no deputado Eduardo Cunha, mas no deputado Júlio Delgado (PSB), do partido do governador Paulo Câmara, até como uma reciprocidade pelo apoio que eles nos deram no segundo turno da eleição. A partir do momento em que Cunha se elege, ele se declara em oposição ao governo, do qual nós, historicamente, somos oposição. Esse foi nosso entendimento com ele. No momento em que vieram as denúncias, houve a cautela de aguardar que as provas viessem e as provas vieram, seguidas das explicações pouco convincentes dele, então o PSDB manifestou, de forma muito clara, a impossibilidade dele estar presidindo a Câmara e esse será nosso posicionamento no Conselho de Ética e no plenário. Portanto, não houve nenhuma aliança política. E a questão do impeachment, ela não pode estar condicionada à uma ponte de salvação de quem quer que seja. É uma responsabilidade dele conduzir essa matéria, mas a nossa posição, em relação à falta de condições dele continuar na presidência da Câmara, já está tomada.


JC
- Desde o fim das eleições, o PSDB vive clima de terceiro turno. Após o aprofundamento das investigações da Lava Jato e das denúncias contra políticos aliados ao governo, o senhor acredita que o PSDB poderia apontar qual caminho para o futuro do Brasil?
AÉCIO – Mesmo neste ano tão conturbado, temos pesquisas que mostram, de forma clara, que o PSDB é o partido preferido dos brasileiros que pensam em se filiar a partidos políticos, enquanto o PT é o mais rejeitado. É a alternativa mais sólida de oposição ao governo. Hoje, temos duas grandes preocupações e esse é o motivo para eu estar aí no Recife. A primeira é proteger nossas instituições e impedir que os tribunais, que julgam as contas da presidente, sejam de alguma forma constrangidos pelo governo. Por outro lado, nosso esforço é construir uma nova agenda para o Brasil, temos um posicionamento cada vez mais propositivo. A realidade é que essa crise enorme na qual o PT nos mergulhou não é mais econômica e moral, ela é social. Esse governo perdeu as condições de continuar governando o Brasil, porque ele perdeu o que é essencial: a confiança e credibilidade. Para o Brasil retomar o ciclo de crescimento nem o presidente da Câmara e nem a presidente da República deveriam estar no lugar em que estão hoje.

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