Seja qual for o desfecho da presidente Dilma Rousseff (PT), Pernambuco terá um papel decisivo no processo de impeachment que ganhará força a partir de amanhã, quando será instalada a comissão que analisará o pedido de deposição da petista. No Congresso atual, parlamentares pernambucanos ocupam postos-chaves na liderança de blocos e partidos que decidirão se mantém Dilma no poder. Pelo menos dois deputados tiveram o nome apresentado para o colegiado de 65 membros: o vice-líder do governo, Silvio Costa (PSC), e o líder da Minoria, Bruno Araújo (PSDB). O tucano, porém, está avaliando ceder a titularidade para abrir espaço para outros colegas.
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Mais votado em Pernambuco, Eduardo da Fonte (PP) coordena hoje o maior bloco da Câmara, com 84 deputados. No plenário, Dilma precisa ter 172 votos para barrar o impeachment. Do contrário, a presidente é imediatamente afastada até que a perda do mandato seja julgada pelo Senado. “É um momento que requer muita cautela para não prejudicar ainda mais o País”, diz o pepista. “Logicamente há ambos os posicionamentos entre os deputados. Estamos fazendo um debate dentro do partido para que a gente faça prevalecer a vontade da maioria”, adiantou.
Pela oposição, Bruno Araújo e Mendonça Filho, líder do DEM, atuaram diretamente para tentar viabilizar o pedido de impeachment; inclusive atuando durante um bom tempo para dar sustentação ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adversário do governo. Ambos chegaram a instalar um painel com a lista de parlamentares favoráveis ao impedimento no Salão Verde da Casa.
“Nós vocalizamos uma parcela considerável da opinião pública brasileira, o que para mim é gratificante. Não é uma luta que eu tenha realizado por desejo pessoal, mas cumpri o meu papel constitucional”, afirma Mendonça. “Não é nenhum motivo de orgulho vivermos um momento como esse. Queríamos que o país estivesse numa situação econômica em que todos estivessem ganhando”, diz Araújo.
No núcleo governista, Silvio Costa tem atuado como um dos principais defensores da presidente no Congresso. Antes mesmo de o pedido de impeachment ter sido aceito, ele protocolou um pedido na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo um afastamento de Cunha da presidência da Câmara. Agora, ele diz não ter dúvidas de que o peemedebista está com a passagem comprada para Curitiba, onde estão os presos da Lava Jato. “Isso é um bandido que está com uma arma na mão querendo assaltar o mandado de uma mulher digna”, dispara.
Também pernambucana, a deputada Luciana Santos assumiu recentemente a presidência nacional do PCdoB, um dos partidos mais alinhados ao governo. Ela foi a autora da ação que o partido protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar barrar o processo de impeachment. “Isso o que está se ensejando é um golpe. A oposição aposta no quanto pior, melhor. Sempre apostou”, declara.
Uma das principais vozes de oposição no país, o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB) é um dos nomes cotados para assumir o comando da Câmara em uma eventual queda de Cunha. O pernambucano, que já se referiu ao presidente da Casa como “psicopata”, tem evitado se colocar como candidato ao posto, mas tem repetido que Cunha não tem condições políticas de comandar esse processo.
Com 33 votos na Câmara, o PSB tem maioria dos deputados na oposição, mas quer se diferenciar do PSDB e do DEM no processo. Na votação, a bancada da legenda será orientada pelo pernambucano Fernando Filho.
No PSB e no PTB, a maior bancada é a de Pernambuco, por isso a expectativa é que as duas legendas incluam nomes do Estado na composição da comissão. No ninho socialista, o deputado Tadeu Alencar colocou o nome da disposição do partido.