Não foram poucas as entrevistas de Eduardo Campos sobre o desejo de ver o Estado receber a Copa das Confederações (em 2013) e Copa do Mundo (em 2014). “Entramos na disputa para ganhar”, disse, ainda em janeiro de 2009, ao apresentar o projeto da Arena Pernambuco. A partir daí, muitas outras declarações otimistas vieram e o então governador capitalizou como pôde tudo relativo ao empreendimento. Hoje, com o estádio na berlinda, o grupo político ligado ao socialista se esforça em defender a herança administrativa do ex-líder político.
Os governistas enfatizam que que Eduardo acertou ao investir na arena porque era um desejo dos pernambucanos sediar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. Os socialistas também ressaltam que os desacertos ligados ao estádio foram motivados por fatores externos à capacidade administrativa e ao faro político do ex-governador. Entre eles, a crise econômica e a incompetência da Odebrecht de tornar o equipamento o estádio rentável.
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“Há duas questões. Do ponto de vista do contrato inicial, é a arena mais barata do Brasil. Em relação ao pós-Copa, havia uma expectativa de faturamento do equipamento que não se concretizou. As obras no entorno da arena sofreram consequências de uma crise que tem diminuído a velocidade dos serviços”, defendeu o líder do governo na Assembleia, Waldemar Borges.
De acordo com o parlamentar, se Eduardo estivesse vivo ele não fugiria de suas responsabilidades e seria solidário com o governador Paulo Câmara (PSB). “Se estivesse conosco, ele estaria enfrentando as dificuldades que estamos enfrentando”, argumentou.
Entre os diversos setores do atual governo, há uma unanimidade que as decisões de Eduardo sobre a Arena Pernambuco e a Copa do Mundo foram acertadas. “O legado de Eduardo é o estádio, que ficou pronto”, resumiu Ricardo Leitão, que foi titular da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), criada para cuidar dos assuntos relativos ao Mundial.
CRÍTICAS AO GOVERNO EDUARDO - Para a socióloga Alice Bezerra de Mello, que encabeçou o Comitê Popular da Copa, o legado de Eduardo foi negativo. Ela cita as desapropriações feitas pelo ex-governador. “Cerca de 200 famílias foram retiradas para a construção do Ramal da Copa e ampliação do Terminal Integrado de Camaribe. Essas obras não ocorreram. Há pessoas que moravam na região há 50 anos e não aceitaram o valor irrisório pago pelo governo, mas tiveram que sair”, destacou.
O governo diz que depositou nos processos judiciais o valor devido pelas desapropriações. Fora de cena após um acidente aéreo em 2014, Eduardo não viu todo o desenrolar da briga dessas famílias com o Estado. Uma disputa, aliás, que parece estar longe do fim, assim como uma resposta definitiva se Pernambuco entrou mesmo “para ganhar” como atestou o ex-governador em 2009.