A chegada do pernambucano Bruno Araújo (PSDB) ao ministério das Cidades irá gerar mudanças no comando da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e do Metrô do Recife (Metrorec). Responsável pela indicação das superintendências desses órgãos, ele estuda nomes de sua confiança para gerir os equipamentos. O ministro convidou o ex-presidente do Porto do Recife, Olavo de Andrade Lima, para gerir a CBTU, mas recebeu um não como resposta. Em meio a essa indefinição política, a parte administrativa fica em segundo plano e as consequências sobram para os usuários do sistema.
Formado em Engenharia, Olavo de Andrade Lima é amigo de infância de Bruno Araújo e presidia o Porto do Recife até o governador Paulo Câmara (PSB) pedir para que os indicados pelo PSDB, partido do ministro, e pelo DEM deixassem o seu governo. Hoje assessor especial de Bruno no ministério das Cidades, Olavo disse “não” à convocação do amigo após ter acesso às difíceis condições de trabalho geradas pela limitação financeira da CBTU.
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A situação do CBTU é difícil e, por tabela, atinge a do Metrorec. A partir deste mês, o sistema terá um corte de cerca de 40% em seu orçamento, dificultando ainda mais o trabalho de quem se dispuser a comandá-lo. Além dessa falta de recursos, os usuários do metrô devem penar com a tradicional descontinuidade de serviços e projetos que ocorre quando há mudanças administrativas geradas por fatores políticos.
Quem assumir o Metrorec certamente vai querer lotear parte dos cargos com indicações pessoais em uma prática comum na política nacional. O atual superintendente do sistema, Clélio Correia, por exemplo chegou ao posto em setembro de 2015 por indicação do deputado federal Silvio Costa (PTdoB). Um mês depois nomeou João Paulo Costa, filho caçula do parlamentar, como gerente regional de Planejamento da CBTU.
Em março deste ano, o JC fez uma reportagem sobre a indicação de João Paulo Costa para o Metrorec e Clélio Correia declarou que ele foi convidado para devido a sua qualificação profissional e não por ter parentesco com Silvio Costa. Os dias do atual gerente regional de Planejamento da CBTU no Recife, porém, podem estar contados.
Clélio Correia segue à frente do órgão e ontem estava no Rio de Janeiro. “Brigando por recursos”, falou. Apesar do empenho, ele reconhece que não tem certeza sobre o seu futuro no comando do sistema. Por sua vez, a orientação de Silvio Costa é para que ele e João Paulo Costa não peçam exoneração do cargo embora considere o governo Michel Temer (PMDB) ilegítimo. “A caneta é dele (do presidente interino). Se ele quiser, ele tira”, declarou.
Enquanto as articulações para decidir o destino administrattivo do Metrorec acontecem na ponte Brasília-Recife, os usuários do sistema esperam na plataforma por dias melhores.