Mal-entendido

Falhas na comunicação ditam o tom no Governo Estadual no caso Paulo César Morato

Secretaria de Defesa Social foi a responsável por protagonizar mais uma gafe

Felipe Vieira
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Felipe Vieira
Publicado em 01/07/2016 às 1:00
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Secretaria de Defesa Social foi a responsável por protagonizar mais uma gafe - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Os erros de comunicação do governo no episódio da morte de Paulo César Morato parecem não ter fim. Três dias depois de uma constrangedora entrevista coletiva de gestores de polícia em que foram admitidos equívocos na condução do caso, ontem foi a vez de a Secretaria de Defesa Social (SDS) protagonizar mais uma gafe. Após o vazamento da informação, no início da tarde dessa quinta-feira (30), de que Morato teria morrido por envenenamento, a assessoria da SDS afirmou que, às 17h, a diretora de Polícia Científica, Sandra Santos, se pronunciaria sobre o caso, na sede do órgão, no bairro de Santo Amaro, área central da cidade. Às 17h40, com todas as equipes de imprensa já no auditório da Secretaria, a assessoria informou que Sandra não falaria mais. Em vez disso, foi distribuída uma nota em que o governo confirmou a morte do empresário como relacionada à ingestão de veneno.

Em linguagem essencialmente técnica e sem qualquer timbre do governo, o documento relata que a causa da morte foi “intoxicação exógena por organofosforado”. 

Sem o secretário de Defesa Social, que está de férias, e sem a diretora de Polícia Científica, ficou para a assessoria o incômodo papel de tentar explicar a um batalhão de jornalistas coisas que apenas profissionais especializados poderiam. 

Não havia sequer um simples perito da Polícia Científica presente para esmiuçar a nota, então os repórteres foram orientados pela assessoria a procurar no buscador Google o significado da expressão “intoxicação exógena por organofosforado”. E foi assim que todos descobriram que organofosforado é o tipo de pesticida popularmente conhecido como “chumbinho”.

A nota ainda informa que “restam ser concluídas as perícias de imagens, papiloscópica, química, tanatoscópica e do local de morte, as quais serão finalizadas e encaminhadas à Polícia Civil no prazo de dez dias”.

Na última segunda-feira, também na sede da SDS, o secretário executivo de Defesa Social, Alexandre Lucena, reuniu o chefe da Polícia Civil, Antônio Barros, a delegada Gleide Ângelo, responsável pelo caso, e a perita Vanja Coelho, além do superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, Marcello Cordeiro. Foram admitidos erros de comunicação no que diz respeito à não realização da perícia papiloscópica no motel Tititi, no dia 24. No momento mais constrangedor da coletiva, Lucena perguntou a todos na mesa se havia algum tipo de pressão ou de orientação superior que interferisse nas investigações, o que foi rechaçado por todos os presentes.

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