Saúde

Substância encontrada no corpo de Paulo César Morato é altamente tóxica, avalia toxicologista

O organofosforado pode levar a vítima à morte em minutos ou horas, dependendo da quantidade absorvida e o tempo para o socorro da vítima

Edson Mota e Marcela Balbino
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Edson Mota e Marcela Balbino
Publicado em 01/07/2016 às 1:03
Foto: Renato Spencer/Acervo JC Imagem
O organofosforado pode levar a vítima à morte em minutos ou horas, dependendo da quantidade absorvida e o tempo para o socorro da vítima - FOTO: Foto: Renato Spencer/Acervo JC Imagem
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Registrado como agrotóxico e proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por ter sido usado como raticida, em 2012, o organofosforado - popularmente conhecido como chumbinho - é altamente tóxico e perigoso. A avaliação é de Lucineide Porto, toxicologista do Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco (Ceatox), órgão vinculado à Secretaria Estadual da Saúde. A substância foi identificada na perícia do empresário Paulo César Morato, envolvido na Operação Turbulência.

Segundo Lucineide, a substância pode levar a vítima à morte em minutos ou horas, dependendo da quantidade absorvida e o tempo para o socorro da vítima. “A pessoa pode ser facilmente contaminada, seja através da pele, das mucosas ou pela respiração. É extremamente perigoso”, alerta.

Os sintomas da intoxicação são variados. Em casos mais leves, a vítima pode apresentar sintomas como dor de cabeça, náusea e vômitos. As manifestações, entretanto, podem chegar a uma diminuição ou aceleração da frequência cardíaca e na respiração, além de resfriamento da pele, contração na pupila e um aumento da salivação. Em casos graves, podem causar confusão mental, convulsões e coma, que podem levar à morte. Só no ano passado, segundo a toxicologista, o Ceatox registrou 229 casos de pessoas que foram intoxicadas.

“(O chumbinho) pode causar sintomas graves, dependendo da composição da substância, considerando que existam vários tipos de organofosforados”, alertou. O antídoto dado nesses casos é a atropina, que gera efeitos contrários aos causados pelo organofosforado. 

Lucineide ainda faz uma alerta sobre a venda irregular de chumbinho. “A venda da substância, hoje, é caso de polícia”, frisa.

INVESTIGAÇÃO - Para chegar ao laudo de envenenamento, os peritos analisaram um extrato de vísceras num aparelho chamado Cromatógrafo Gasoso acoplado ao Espectofotômetro de massa (CGMS), no IML da Paraíba. A máquina de Pernambuco está em manutenção. 

Segundo a perita criminal, Silene Schuler, a técnica usada no aparelho é muito precisa e há uma espécie de biblioteca de susbtâncias. O equipamento também é usado para análise de exames antidopping. “Essa máquina é usada na química analítica, em geral, para identificação de mutias susbtâncias”, explicou a perita. 

O exame foi decisivo para chegar à conclusão de morte por envenenamento. No entanto, entre os peritos, paira no ar a dúvida se o envenamento foi provocado por Morato ou por outra pessoa.

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