A década de 1990 é uma daquelas difíceis de esquecer. Em julho de 1994, o Brasil era tetracampeão na Copa do Mundo dos Estados Unidos, após jejum de duas décadas e meia sem título. No Recife, milhares de pessoas foram às ruas da Zona Sul para ver a seleção brasileira desfilar em carro aberto. Nem mesmo a vinda do papa João Paulo II à capital, em 1980, teve público tão grande quanto o cortejo da equipe vitoriosa.
Dois meses antes, em maio daquele mesmo ano, um acidente tirou a vida de um dos maiores ídolos do automobilismo mundial, Ayrton Senna, no Grande Prêmio de Ímola, na Itália.
No Recife, no dia 2 de fevereiro de 1997, a música e a cultura pernambucana perdiam um dos ícones mais emblemáticos do cenário, que transformou as crônicas das cidades de Recife e Olinda em canções. Francisco de Assis França, o Chico Science, promoveu um verdadeiro renascimento na cena cultural do Estado e tinha 30 anos quando finalizava o segundo álbum de Chico Science & Nação Zumbi. Este ano, ele faria 50 anos, mas um acidente de carro, no Memorial Arcoverde, em Olinda, interrompeu os planos do mangueboy.
Em meados da década de 1990, quando o “dragão” da inflação ia carcomendo pouco a pouco o bolso dos brasileiros, com índice superior a 2.400% ao ano, o Plano Real foi criado. Em pleno ano eleitoral, o lançamento da nova moeda, em 1º de julho de 1994, foi essencial para livrar o País do fantasma inflacionário. Desde 1986, o Brasil tinha tentado sete planos econômicos diferentes, em uma média de um a cada 14 meses. Tendo ou não vivenciado o período é impossível não ter ouvido histórias da época.
Nas urnas, Luiz Inácio Lula da Silva tentava, pela segunda vez, chegar à Presidência do Brasil, o que só viria a se concretizar oito anos depois, em 2002. À frente da equipe de técnicos que coordenou a elaboração do Plano Real, o ministro Fernando Henrique Cardoso (PSDB) se cacifou para a disputa presidencial, sendo eleito com 54,27% dos votos. Apesar dos ataques ao Plano Real, FHC conseguiu se reeleger para Presidência em 1998. Nesse período, a moeda sofreu diversos revezes, com a elevação de juros e a recessão econômica – tudo para deixar a inflação controlada.