A proibição das doações de empresas para as campanhas políticas, aprovada em 2015 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), trouxe uma nova realidade ao pleito de 2016: os candidatos dependeram de doações de pessoas físicas e de recursos do fundo partidário. Com o debate da criação de um fundo eleitoral público, item da reforma política em andamento no Congresso, as doações privadas voltaram a ser assunto entre alguns parlamentares.
Licenciado da Câmara para o cargo de ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM) é favorável ao retorno do financiamento privado. "Sou a favor do financiamento privado com regras mais rígidas e transparência. Dos dez países menos corruptos do mundo, 9 usam o financiamento privado e nem por isso há corrupção", disse o democrata, em entrevista à Rádio Jornal.
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Quem também defende o retorno do financiamento privado é Silvio Costa (PTdoB). Uma das propostas do parlamentar é o limite de doação por cada empresa no valor de dez salários mínimos. O valor não seria por candidato. A empresa teria que dividir o montante entre os postulantes. "Defendo um fundo com muita transparência. O candidato teria que colocar no seu material, seja nas redes sociais, TV, rádio, quem está doando para ele. E também com o limite de doação de dez salários mínimos por empresa", explicou.
Para Silvio, a falta de um teto para doação é prejudicial para o processo eleitoral. "Se não tiver limite, vai voltar ao que era, com uma empresa fazendo uma bancada, com 60, 70 deputados, como foi a JBS", disse.
CONTRA
Contrário ao retorno do financiamento público, Tadeu Alencar (PSB) aponta a prática como um motor da corrupção no Brasil. "O financiamento privado está na raiz de muitos problemas que vemos no Brasil hoje, como caixa dois, corrupção que é até é lavado como dinheiro oficial. A experiência de financiamento privado não funcionou bem no Brasil", afirmou.
O deputado Fernando Monteiro (PP) afirmou que o processo o fez mudar de ideia. "Lá atrás eu sempre defendi o (financiamento) privado com teto, mas com essa situação do País, se inviabilizou. A única forma que enxergo é o financiamento público", explicou.