RENOVAÇÃO

Os movimentos que desejam colocar novas pessoas na política

A sociedade civil está se organizando depois de tanta descrença na política convencional

Ângela Fernanda Belfort
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Ângela Fernanda Belfort
Publicado em 09/12/2017 às 14:50
Foto: Bob Fabisak/JC Imagem
A sociedade civil está se organizando depois de tanta descrença na política convencional - FOTO: Foto: Bob Fabisak/JC Imagem
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A sociedade civil está começando a se organizar em movimentos que têm a finalidade de oxigenar a participação de cidadãos comuns na política. Do segundo semestre de 2016 pra cá, surgiram várias iniciativas como, por exemplo, Acredito, Agora! e a Transparência Partidária, todos com um objetivo comum: aumentar a transparência. “O mundo está cansado da corrupção e o campeão da desconfiança das pessoas no Brasil é o Congresso Nacional. De todas as instituições do governo, o legislativo é o que tem menos confiança da população”, diz um dos fundadores do Acredito, o cientista político pernambucano Felipe Oriá, que atua como diretor da Escola de Inovação e Política Pública da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

“Entendemos que a renovação passa por novas práticas e princípios, se materializando com novas pessoas que nunca disputaram um mandato”, conta Felipe. Para 2018, a intenção do Acredito é apoiar 30 candidatos na disputa para o legislativo. “Tem que estar alinhado com o Manifesto do Acredito e fazer política de uma maneira séria. Os futuros candidatos é que vão escolher os seus partidos”, explica Felipe. Mas quais as questões defendidas pelo movimento? Abertura do financiamento da campanha, transparência nos gastos e redução dos custos de campanha, entre outros.

“Grande parte do problema é o alto custo para eleger um político no Brasil. As campanhas extremamente caras geram a base da corrupção. O Acredito é focado apenas em eleger candidatos para o legislativo, porque com um Congresso forte é difícil ter um presidente que faça o que quiser”, defende. No entanto, uma das fundadoras do Acredito, a paulista Tábata Amaral já disse em entrevista, ao Programa Conversa com Bial, da Globo, que deseja ser presidente do Brasil.

O Acredito se mantém de doações de pessoas físicas. “As pessoas têm que entender que hoje quem banca as campanhas são grandes empresas ou pessoas com interesses escusos. Queremos estimular a cultura da doação. No movimento, os membros ou doam tempo ou dinheiro”, acrescenta. Lançado em julho último, o Acredito já tem mais de dois mil voluntários em todo o Brasil e núcleos em cinco municípios pernambucanos, incluindo o Recife e Olinda.

Se definindo como centro-avante, o Agora! também defende mais transparência e campanhas mais baratas. O movimento nasceu em novembro de 2016 e já tem 90 membros em 15 Estados. “Os partidos ficaram impermeáveis a participação de novas pessoas que tenham a agenda mais transparente. O nosso foco é na resolução dos problemas do cidadão brasileiro numa agenda com pilares numa gestão econômica responsável e liberal”, afirma um dos fundadores do Agora!, Humberto Laudares. “O movimento é uma chamada de responsabilidade à nossa geração para interagir com a política”, conta. A maioria dos membros tem entre 30 e 45 anos.

MUDAR

“O caixa 2 virou uma coisa natural na política, mas queremos mudar isso”, diz Humberto. O Agora! também conta com integrantes famosos, como o apresentador Luciano Huck e o empresário Carlos Jereissatti que não atua na política, mesmo sendo sobrinho do ex-governador do Ceará, o senador Tasso Jereissatti (PSDB). Não podem participar desse movimento políticos que já tenham sido eleitos e os seus filhos. “Os políticos vão ter R$ 1,3 bilhão do fundo eleitoral. Cada deputado tem disponível R$ 15 milhões em emendas por ano, fora a estrutura de gabinete. Você acha que eles vão querer mudar o quê?”, conclui Humberto.

Na missão de renovar a participação de pessoas na política, surgiu o RenovaBR que abriu uma seleção pública, via internet, dando bolsas para potenciais candidatos que variam de R$ 5 mil a R$ 12 mil por mês nos primeiros meses de 2018. A obrigação do futuro candidato é fazer um curso para uma carreira política, defender a democracia, os direitos individuais (respeitando as minorias) e não defender extremos, como a intolerância. “É uma solução importante porque vai estimular cidadãos comuns entrarem para a política”, diz Humberto.

 

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