Delações de executivos da OAS apontam para o uso de caixa 2 pela empresa dona de avião envolvida no acidente aéreo que vitimou fatalmente o ex-governador Eduardo Campos (PSB) em 2014. O dinheiro, segundo informações dos relatos, seria destinado a políticos do Nordeste. Na época do acidente, Campos estava em plena campanha presidencial. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (27), pelo Jornal Folha de S. Paulo.
Os delatores firmaram acordo de delação na Lava Jato. De acordo com eles, a empresa Câmara e Vasconcelos Terraplanagem era uma das principais fontes de geração de caixa 2 e pagamento de propina, sobretudo a políticos e agentes públicos do Norte e Nordeste.
Os depoimentos, colocam que foi gerado, pelo menos, R$ 79 milhões em propina no Brasil, no período de 2009 a 2014. Ao firmar contratos superfaturados com a OAS, a de terraplanagem forjava estudos de engenharia. Entre as obras citadas está a transposição do rio São Francisco.
Os setor responsável pelo pagamentos de propina e caixa dois era chamado de “Controladoria”. Os ex-funcionários do setor relataram mais de 200 episódios de corrupção envolvendo a OAS.
Também nesta quarta, uma reportagem do jornal o Globo mostrou que um relatório foi assinado por Raquel Dodge, procuradora-geral da República, afirmando que a empreiteira distribuiu propinas e caixa dois a pelo menos 21 políticos de 8 partidos diferentes.
Pernambuco
Segundo depoimentos dos delatores, no Estado estima-se que a OAS tenha lavado R$7 milhões para propina. O desvio se deu por meio de um estudo falso em que a Câmara e Vasconcelos. O contador da empresa e agora delator, Roberto Cunha, contou que a empresa era contratadas para mais serviços do que realizava. Durante relato, afirmou que o primeiro contrato com a finalidade de gerar caixa 2, aconteceu em Pernambuco, durante o mandato de governador de Eduardo Campos. A obra em questão teria sido a duplicação da PE-060, em 2009.
Outras seis obras também foram citadas por Cunha, como o canal do Sertão e o projeto da orla de Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife.
A empresa Câmara e Vasconcelos Terraplanagem tem ligação com o empresário João Lyra e foi alvo da Operação Vórtex (que investigou um esquema de lavagem de dinheiro para o pagamento da aeronave Cessna Citation), mesmo avião que se acidentou matando Campos.
A operação da PF, Turbulência, deflagrada em 2016, indicou Paulo César Morato como dono da empresa. Morato também faleceu em 2016.
O ex-contador Roberto Cunha também relevou um esquema internacional da OAS com outra empresa de João Lyra. Segundo ele, a empresa se chamava Pacora e rendeu US$ 3 milhões a empreiteira.
Reposta
A Direção Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), legenda do ex-governador Eduardo Campos, se pronunciou sobre o assunto por meio de nota. Confira resposta na íntegra:
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) reitera a sua confiança de que nada haverá de ser comprovado que macule o nome e a honra do ex-governador e ex-presidente do partido Eduardo Campos, um homem público com tantos e tão relevantes serviços prestados a Pernambuco e ao Brasil.
O PSB reafirma também seu apoio incondicional ao trabalho de investigação, confiando que a condução isenta e equilibrada da apuração resultará no pleno esclarecimento dos fatos, isentando Eduardo Campos e o PSB de qualquer acusação.
Clique aqui para ler a reportagem publicada pelo Jornal Folha de S. Paulo
Leia Também
- MPF arquiva sem conclusão inquérito sobre acidente de Eduardo Campos
- MP quer mudanças na fiscalização de aviões, após acidente de Eduardo Campos
- 'Eduardo Campos presente!", diz publicação no Facebook de Lula
- PF conclui inquérito sobre queda de avião de Eduardo Campos
- PF aponta falha mecânica como causa do acidente de Eduardo Campos