O presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Gilson Machado Neto, tem sido cotado como o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para disputar a Prefeitura do Recife em 2020. Ao menos disposição Gilson já afirmou que teria para pleitear a sucessão do prefeito Geraldo Julio (PSB). "Se Bolsonaro me determinar isso daí, eu vou", declarou nesta segunda-feira (30), em entrevista ao programa Frente a Frente, do jornalista Magno Martins.
Desde que iniciaram uma conversa informal no aeroporto de Brasília, em 2003, quando o presidente ainda era deputado federal, Gilson revela que é um dos poucos amigos de Bolsonaro que "falam a verdade" a ele, mesmo que não agrade. "De lá para cá fizemos uma amizade forte. Poucos falam a verdade para ele, apesar de ter muita gente no seu entorno. Às vezes ele (Bolsonaro) fica chateado, mas por ter um bom senso forte, reconhece o que falamos e agradece", afirmou.
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Formado em medicina veterinária pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Gilson Machado Neto também é criador de gado no Estado de Tocantins, produtor de coco em Alagoas e membro do trade turístico da Rota dos Milagres e do Convention & Visitors Bureau de Maragogi. É proprietário de duas emissoras de rádio (uma em Gravatá e outra em Maragogi) e da banda de forró Brucelose.
"Eu não falto com disposição, sou um cara desassombrado. Viro o dia tocando gado, cuido de coqueiro, hotel e, agora, de uma das agências de turismo mais importantes do mundo. Estou focado na evolução do turismo e na divulgação lá fora, que é briga de cachorro grande. O turismo é uma injeção na veia econômica, um motor de recuperação rápida", declarou. Machado Neto também defende que a economia do Brasil está se recuperando e que o número de empregos começam a ser vistos.
Questionado se poderia assumir o comando do Ministro do Turismo no lugar de Marcelo Álvaro Antônio – indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de envolvimento em um suposto esquema de candidaturas laranjas do PSL em Minas Gerais nas eleições de 2018 – Gilson apenas afirmou estar satisfeito no comando da Embratur e destacou o trabalho que tem sido realizado em parceria ao ministério. "Nós temos feito um trabalho brilhante, é uma das pastas que mais traz boas notícias ao governo. Recentemente, anunciamos sete voos semanais da América Airline, o que é bom para todo o País", afirmou.
Já sobre Pernambuco, o presidente da Embratur considera o Estado "ideologicamente contaminado". "Infelizmente, o Estado compactua com o atraso. Um Estado que tem o Porto do Recife, de Suape, é o berço da pátria. Onde foi criado o Exército e tem o povo guerreiro na vanguarda do patriotismo. Ele precisa ser resgatado historicamente. Nós temos uma das cidades mais bonitas, que é o Recife, mas que precisa ter seu centro limpo, ser organizada, ter o saneamento feito e ter a autoestima do recifense resgatada", declarou em pleno tom de pré-candidato.
Para o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, que também tem sido colocado como possível candidato à Prefeitura do Recife, essas discussões ainda não estariam ocorrendo na legenda. "O presidente (Bolsonaro), como filiado, ele quer que façamos uma mesa redonda para ver quem são os candidatos do Brasil inteiro, então, isso é uma discussão que vamos fazer lá na frente", afirmou Bivar. "Prefiro partir mais para ver que nomes podemos ter. Não é cada um colocar o seu nome. Precisamos ver quem quer efetivamente, fazer pesquisas, tem que conversar com outros partidos e vamos falar com todos", concluiu.
BLOCO
De olho no desempenho do PSL em 2018, o bloco de oposição à Frente Popular – que reúne representantes do DEM, MDB, PSC, Cidadania, PRTB, PL e Republicanos – vem conversando com Bivar para a formatação de uma aliança. O grupo ainda não definiu se haverá candidaturas múltiplas ou se irá optar pela convergência de forças em torno de um único nome. Pelo menos cinco prefeituráveis estão no grupo. Entre eles, o deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos) – que tem ligação de proximidade com o governo de Bolsonaro.
Ao JC, Costa Filho defendeu que "quanto mais nomes se apresentarem para a disputa do Recife, mais se amplia a discussão sobre os problemas e soluções para a cidade", mas preferiu não cravar se pode ser o candidato do bloco. "É natural que os partidos queiram apresentar seus nomes e nós vamos fazer essa discussão na hora certa. Tenho procurado agora me dedicar ao mandato de deputado federal, trabalhando para que as reformas aconteçam", desconversou.