Educação

Para Bolsonaro, governadores do Nordeste fazem política ao não aderir as escolas cívico-militares

Dos nove estados do Nordeste, apenas o Ceará aderiu as escolas cívico-militares. Governo de Pernambuco não tem certeza de sua eficiência

Mirella Araújo
Cadastrado por
Mirella Araújo
Publicado em 03/02/2020 às 20:07
Foto: Nelson Almeida / AFP
Dos nove estados do Nordeste, apenas o Ceará aderiu as escolas cívico-militares. Governo de Pernambuco não tem certeza de sua eficiência - FOTO: Foto: Nelson Almeida / AFP
Leitura:

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não poupou críticas aos governadores do Nordeste, ao afirmar que os gestores fazem política ao não aderirem ao Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, de iniciativa do Ministério da Educação (MEC), em parceria com o Ministério da Defesa.  

“Oito dos nove governadores do Nordeste não aceitaram [apenas o CE aderiu] a escola cívico-militar. Para eles, a educação vai indo muito bem, formando militantes e desinformando lamentavelmente. Aqui no Sudeste também, tivemos dois governadores que não aceitaram [RJ e ES]”, disparou o presidente, durante a inauguração da pedra fundamental do Colégio Militar de São Paulo, nesta segunda-feira (3). 

Para Bolsonaro, a “questão político-partidária” não pode estar à frente da necessidade de um país. O programa do Governo Federal quer implantar 216 Escolas Cívicos-Militares em todo o país, até 2023, sendo 54 por ano, segundo o MEC. “Ironicamente falando, o Brasil chegou numa situação de educação que não pode ser ultrapassada por mais ninguém. Por quê? Já estamos no último lugar", afirmou o presidente, que esteve acompanhado do ministro da Educação, Abraham Weintraub

O Governo de Pernambuco se posicionou sobre as críticas, por meio de nota assinada pelo secretário estadual de Educação, Fred Amancio. Ele explica que quando o projeto do Ministério da Educação foi anunciado, não houve detalhamento do modelo que seria adotado e quais as suas bases de implantação. “Também não havia clareza dos parâmetros que seriam utilizados, uma vez que não foram apresentados estudos ou análises mais aprofundados sobre resultados das poucas escolas com esse modelo em funcionamento no Brasil”, afirmou Fred. 

>> Pernambuco não aderiu a escolas cívico-militares por não ter certeza de sua eficiência

Ainda segundo o gestor, o Governo de Paulo Câmara (PSB) teria o interesse em estudar propostas e modelos que possam contribuir para a educação pública, desde que apresentem resultados eficazes. “Entendemos que não devemos implantar projetos que mudam o modelo de funcionamento das escolas sem evidências do impacto na melhoria da aprendizagem dos estudantes”.

>> Confira as escolas com melhor desempenho no Idepe

Por fim, o secretário Fred Amancio elencou diversas experiências que o Estado têm adotado para avançar na Educação. “Como a Escola de Tempo Integral, e apostado em programas inovadores como o Ganhe o Mundo, Criança Alfabetizada e o PE no Campus. Os nossos resultados, inclusive, estão sendo compartilhados com outras unidades da federação que reconhecem na educação de Pernambuco um exemplo de caminho a ser trilhado”, finalizou. 

JABOATÃO DOS GUARARAPES

O município de Jaboatão dos Guararapes é o único do Estado que aderiu ao Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares do Governo Federal. Não por acaso, a cidade é gerida pelo prefeito Anderson Ferreira (PL), opositor ao governo do PSB. A Escola Municipal Natividade Saldanha, localizada no bairro de Cajueiro Seco, integra a lista das 54 unidades que vão se adequar ao modelo de ensino proposto pelo Ministério da Educação.

“Nós estamos no processo de alinhamento com as normativas estabelecidas pelo programa. Nós iremos fazer uma reunião com os pais para tratar das questões referente ao comportamento dos estudantes, o que será avaliado pela Escola”, explica a secretária de Educação Ivaneide de Farias. De acordo com a gestora, a expectativa é que os militares capacitados para atuar nas unidades de ensino, cheguem a escola no mês de abril. “Vamos ter algumas áreas ampliadas, como o laboratório de linguagens, por exemplo. A escola passará por uma reforma, mas não vamos prejudicar os nossos estudantes. No segundo semestre também teremos a entrega do novo fardamento”, afirma a gestora. 

Para Ivaneide, esse será um ano de experiência, mas o município pretende se inscrever novamente no Programa para ampliar as unidades cívico-militares e receber os recursos do Governo Federal. “A população tem pleiteado por mais unidades. É importante frisar que ”, disse. 

O orçamento do programa federal é de R$ 54 milhões -  sendo R$ 1 milhão por escola. O recurso deve ser utilizado no pagamento de pessoas e melhorias na infraestrutura. 

Últimas notícias