Nem pouco, nem muito. O segredo para quem quer usar e abusar da complexa máquina comandada por nosso cérebro sem causar-lhe nenhum dano é comer bem, devagar e sempre. Especialmente antes de praticar exercícios, avisam os especialistas, a dica é consumir pequenas porções, combinando sempre proteína magra com carboidrato integral ou natural. De preferência com baixo índice glicêmico, para garantir que a energia seja liberada aos poucos e não de uma vez só.
Fontes de vitaminas e minerais tampouco podem ser negligenciadas para que o corpo funcione a contento durante o treino, aconselha a nutricionista Roberta Bastos. Mas ela sugere que essas orientações genéricas não são suficientes para garantir o sucesso de um programa de exercícios. "Pessoas que praticam atividade física, independente da intensidade, precisam ter uma alimentação específica para o tipo de treino que fazem", diz. Quem capricha na musculação, por exemplo, precisa de muita proteína. Já os adeptos das modalidades de alto impacto, como corrida, bicicleta e natação, necessitam de doses mais generosas de carboidrato.
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E tem mais. Além da natureza do exercício, alerta o preparador físico Jailton Santos, os objetivos de quem os pratica também precisam ser levados em conta à mesa. "Quem quer emagrecer não pode comer igual a quem pretende ganhar massa muscular." Outra risca que precisa ser estabelecida com cuidado, avisa, é entre a prática de exercícios e a profissionalização. "Atleta é atleta. E precisa de cuidados especiais."
Uma lição que Carlos Henrique Alexandria, 34 anos, da Federação Pernambucana de Triathlon, aprendeu a duras penas na puxada rotina de treinos que ele iniciou há mais de dez anos. O polivalente atleta, que também é professor e cientista da computação – com mestrado! –, diz que chegou a passar mal quando começou a treinar, por fazer as escolhas nutricionais erradas. "Já tive uma cãibra generalizada, um quadro bem sério e perigoso, que me fez rever todas as minhas práticas alimentares, com a orientação de um nutricionista."
Hoje, Alexandre treina religiosamente todo dia. Nunca passa fome, mas também não enche a barriga antes de se exercitar. "Especialmente antes de competições, só tomo um suco e, durante os exercícios prolongados, não deixo de ingerir gel de carboidrato a cada hora. Além de água", ensina. Nas horas vagas, entre os treinos diários, ele come sempre frutas e vegetais, para repor os minerais perdidos no suor. "Todo atleta precisa controlar três aspectos na sua dieta: qualidade, quantidade e horários."
Que o diga a arquiteta Maria Escorel, 30, que pratica exercícios desde que se entende por gente e já chegou a ser atleta. Um belo dia, ela se apaixonou pela bicicleta e vivia solta na buraqueira das trilhas quando descobriu que tem diabete tipo 1. "Aí, o exercício deixou de ser prazer para virar remédio, porque queima glicose", conta a moça que trocou o carro pela bicicleta e hoje vive de customizar magrelas lindas e exclusivas com a sócia Pat Quintella.
Sua alimentação, que sempre foi orientada por um profissional para potencializar seu rendimento, mudou de novo. E ficou ainda mais restritiva. "Agora, a dieta potencializa o exercício e o exercício potencializa a dieta. Minha qualidade de vida depende desse perfeito equilíbrio." Tanto que a menina que precisa evitar até certas frutas chega a dispensar as quatro doses diárias de insulina quando pratica muito exercício. Atividade física, para ela, rima com liberdade.
A advogada Lara Vilarim, 25, também sempre gostou de se exercitar. Mas demorou a perceber que precisava da orientação de um nutricionista para potencializar os efeitos do esforço. "Malhava, malhava e não via resultado." Há somente seis meses ela decidiu quebrar esse ciclo vicioso. E já coleciona bons resultados da nova dieta. "Em um mês, perdi três quilos e meio. E o melhor: sem passar fome", conta a moça que corre todo santo dia e pratica ginástica funcional duas vezes por semana. "Estou mais feliz diante do espelho e mais disposta na academia."
Com a jornalista e empresária Jessica Souza, também 25, não foi diferente. Depois de muito malhar e perder o excesso de peso que a incomodava, ela descobriu que só com a ajuda de um nutricionista conseguiria realizar o sonho de conquistar um corpo mais definido. "De abril para cá, meu índice de gordura corporal caiu de 24,5% para 15%. E o melhor: ainda ganhei dois quilos de massa muscular", conta a menina, que pratica pelo menos uma hora de exercício diariamente: corre, faz transport e bike. Mas como está "magrinha", anda mais focada na musculação.
Do início dos treinos com orientação nutricional até hoje, Jessica conta que sua dieta mudou um bocado, de acordo com seus objetivos. "Agora estou comendo quase 500 calorias a mais." Quanto mais ela malha, mais ela come. Para ser bem feliz, linda e saudável entre um treino e outro.