As preguiças se destacam numericamente entre os animais que são trazidos diariamente à sede da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), em Casa Forte, junto com os timbus e os gaviões-carijó. Mas a gama de animais é imensa. “Chegam as espécies mais diversas”, conta a engenheira de meio ambiente Anna Eduarda Falcão, que atua na Unidade de Gestão de Fauna do órgão. Apenas neste primeiro semestre, foram 3.700 animais, 500 dos quais estão em processo de reabilitação.
Contrariando o que muita gente pensa, a meta da CPRH é, sempre que possível, retornar cada um deles a seu habitat natural. “Isso é feito com cuidado e apenas quando percebemos que o animal tem condições de soltura”, explica Anna, enquanto dá mamadeira, de hora em hora, a uma ninhada de timbus. Na página do órgão, na internet, há relatos de soltura, em santuários ambientais, de tatus, quatis, araras e outros bichos.
O processo de reintegração ao meio ambiente, como se pode perceber pelo relato da bióloga Fernanda Justino, pode ser demorado. Mas há casos que emocionam os profissionais, como o de um papagaio que vivia em cativeiro há mais de três décadas e, depois de reabilitado, foi posto em liberdade e chegou inclusive a se reproduzir.
Segundo o diretor de Recursos Florestais e Biodiversidade da CPRH, Walber Santana, o órgão tem a incumbência legal, em Pernambuco, de receber, resgatar e reintroduzir os animais silvestres na natureza. “É importante destacar isso, porque muitos acham que mantemos os animais em cativeiro ou encaminhamos a zoológicos”, explica. “Evidentemente, do resgate até o momento da soltura, às vezes é preciso passar por algum tipo de avaliação veterinária, tratamento e ajuda para que os animais voltem a se asselvajar”, detalha.
Os bichos às vezes chegam à CPRH por demanda espontânea de alguns criadores que entendem que é errado mantê-los consigo, ou de denúncias variadas. As brigadas ambientais fazem a fiscalização e resgate de vários desses animais e, no momento da reportagem, presenciamos guardas florestais fazendo a entrega de uma linda coruja murucututu, a maior espécie existente no Estado.
O contato com a Unidade de Gestão de Fauna pode ser feito através do fone (81) 31828905. “Pedimos a colaboração da população para que só busquem auxílio caso um animal esteja ferido ou em situação de risco”, diz Anna Eduarda.
Até o final do ano, a CPRH vai inaugurar um novo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), onde a estrutura para recepção, tratamento e reabilitação será ampliada. “Não há emoção maior que vê-los livres de novo”, conta Anna.