Patrimônio

Benfica, a rua dos palacetes no Recife

Casarões foram construídos em meados do século 19, com o loteamento das terras do Engenho da Madalena

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 04/10/2015 às 8:08
Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Eu não sei vocês, mas uma coisa que muito aprecio é olhar a casa dos outros. Não para bisbilhotar a vida alheia e, sim, para descobrir a história por trás das edificações. A Rua Benfica, na Madalena, bairro da Zona Oeste do Recife, cabe perfeitamente nesse contexto, com seus palacetes bem ao gosto da nobreza pernambucana do século 19.

Os casarões de portões de ferro, quintais generosos e fachadas simétricas típicas da arquitetura neoclássica surgiram com o loteamento das terras do Engenho da Madalena, a partir de 1850. “Eram os grandes sítios onde as famílias ricas veraneavam, às margens do Rio Capibaribe”, ensina o arquiteto José Luiz Mota Menezes, pesquisador da evolução urbana do Recife.

Com o parcelamento do Engenho da Madalena (depois o da Torre, Casa Forte e Dois Irmãos), os primeiros sobrados foram construídos no trecho entre o Sport Club e a Ponte da Torre. Todos voltados para o rio e guarnecidos de um cais, as garagens do século 19. “A rua de trás era secundária, o caminho das casas era o Capibaribe, num sistema de navegação por canoas”, conta.

Foto: Edmar Melo/JC Imagem
Casarão da Rua Benfica em estilo sarraceno, inspirado em castelo islâmico, é único no Recife - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão da Rua Benfica em estilo sarraceno, inspirado em castelo islâmico, é único no Recife - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão da Rua Benfica em estilo sarraceno, inspirado em castelo islâmico, é único no Recife - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão da Rua Benfica em estilo sarraceno, inspirado em castelo islâmico, é único no Recife - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão da Rua Benfica em estilo sarraceno, inspirado em castelo islâmico, é único no Recife - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão da Rua Benfica em estilo sarraceno, inspirado em castelo islâmico, é único no Recife - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão da Rua Benfica em estilo sarraceno, inspirado em castelo islâmico, é único no Recife - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão da Rua Benfica em estilo sarraceno, inspirado em castelo islâmico, é único no Recife - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão da Rua Benfica em estilo sarraceno, inspirado em castelo islâmico, é único no Recife - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Antigo Colégio Regina Pacis, na Rua Benfica, no Recife, agora abriga uma agência do Banco do Brasil - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Antigo Colégio Regina Pacis, na Rua Benfica, no Recife, agora abriga uma agência do Banco do Brasil - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Antigo Colégio Regina Pacis, na Rua Benfica, no Recife, agora abriga uma agência do Banco do Brasil - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Antigo Colégio Regina Pacis, na Rua Benfica, no Recife, agora abriga uma agência do Banco do Brasil - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Antigo Colégio Regina Pacis, na Rua Benfica, no Recife, agora abriga uma agência do Banco do Brasil - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão onde funciona a Blue Angel, na Rua Benfica, era de propriedade de um senhor de engenho - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão onde funciona a Blue Angel, na Rua Benfica, era de propriedade de um senhor de engenho - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão onde funciona a Blue Angel, na Rua Benfica, era de propriedade de um senhor de engenho - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão onde funciona a Blue Angel, na Rua Benfica, era de propriedade de um senhor de engenho - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão onde funciona a Blue Angel, na Rua Benfica, era de propriedade de um senhor de engenho - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão onde funciona a Blue Angel, na Rua Benfica, era de propriedade de um senhor de engenho - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão onde funciona a Blue Angel, na Rua Benfica, era de propriedade de um senhor de engenho - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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A Escola de Belas Artes funcionou neste casarão da Rua Benfica, no Recife. Facepe ocupa o imóvel - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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O sobrado onde funciona o Centro Cultural Benfica é vinculada à Universidade Federal de Pernambuco - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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O sobrado onde funciona o Centro Cultural Benfica é vinculada à Universidade Federal de Pernambuco - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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O sobrado onde funciona o Centro Cultural Benfica é vinculada à Universidade Federal de Pernambuco - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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O sobrado onde funciona o Centro Cultural Benfica é vinculada à Universidade Federal de Pernambuco - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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O sobrado onde funciona o Centro Cultural Benfica é vinculada à Universidade Federal de Pernambuco - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão onde a imperatriz Tereza Cristina ficou hospedada abriga o Batalhão Mathias de Albuquerque - Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Casarão onde a imperatriz Tereza Cristina ficou hospedada abriga o Batalhão Mathias de Albuquerque - Foto: Edmar Melo/JC Imagem

 

Os moradores dos casarões da Madalena – usineiros, senhores de engenho – tinham prestígio na sociedade. “A água do Prata era desviada para atendê-los antes de chegar ao chafariz de uso coletivo no Centro”, diz José Luiz. Em 1859, quando Dom Pedro II (1825-1891) visitou o Nordeste brasileiro, a imperatriz Tereza Cristina (1822-1889) ficou hospedada na casa onde hoje funciona o Batalhão Mathias de Albuquerque.

Por causa da hóspede ilustre, o portão do prédio ostentava o brasão do imperador, continua o arquiteto. Os palacetes da Rua Benfica inauguram uma nova urbanização na cidade. “Até o século 18 o Recife só chegava às imediações da Igreja da Soledade. Passando daí, havia os engenhos de cana-de-açúcar. Com a transferência da atividade açucareira para o Sul e o Norte do Estado, acontece o loteamento das terras.”

Experimente ser turista por um dia na Benfica e descubra essa história do Recife nos sobrados da Madalena. Alguns têm placas na calçada com informações básicas sobre a edificação. Lendo uma delas você vai saber que o prédio do Colégio GGE, por exemplo, é o único na capital pernambucana em estilo sarraceno. A construção, diz a placa, foi feita por um moçárabe (definição para os cristãos ibéricos que viviam em território muçulmano) inspirado num castelo do Islã.

No começo do século 20, o casarão sarraceno de vidros coloridos nas portas azuis e fachada enfeitada com flores, losangos e figuras humanas, abrigava a Pensão Landy, um reduto de políticos. A antiga Escola de Belas Artes, fundada em 1933, funcionava no prédio de número 150 da Benfica. Hoje, é a sede da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe). Duas esculturas de leões, com a pata apoiada numa bola azul, dão as boas vindas, nos pilares do portão.

Leões também demarcam a escadaria de acesso ao Palacete da Benfica, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O casarão neoclássico, de propriedade de um senhor de engenho, virou casa de recepções, o Buffet Blue Angel. O estilo arquitetônico está estampado na simetria de portas e janelas, no frontão triangular da fachada e na platibanda, mureta que esconde o telhado e serve de apoio para jarros e esculturas.

Aproveite que esse trecho da rua é arborizado. Mas, se quiser esticar o passeio, siga pela Benfica, na direção da Avenida Caxangá. O charmoso prédio de número 715, de escadaria arredondada na fachada e sacada com gradil decorado no primeiro pavimento, era o Colégio Regina Pacis, uma escola feminina para famílias abastadas. Agora é uma agência do Banco do Brasil.

E andando mais um pouquinho você chega ao Sobrado da Madalena (o antigo Engenho da Madalena), na esquina da Benfica com a Caxangá, e que deu origem a essa história.

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