Jair Bolsonaro tem um plano de contenção para um impeachment já montado e em plena atividade. Então, para todos que estão preocupados com um golpe militar ou coisa do tipo, acreditem, essa não é uma opção possível, pela indisposição das Forças Armadas para tanto.
A verdade é que nos preocupamos tanto com um golpe militar ao longo das últimas décadas que reforçamos demais a proteção em torno do Chefe do Executivo.
As barreiras criadas para proteger um presidente são muito consistentes, se o sujeito em questão não tiver escrúpulos ou for minimamente perspicaz para usá-las.
Basicamente, ele só pode ser atingido pelo Legislativo ou pelo STF. Para se proteger de um, basta ter uma maioria parlamentar. Para se proteger do outro, basta um Procurador Geral amigo.
O único componente que quebra essa garantia de manutenção é o constrangimento. As convicções políticas são alteradas pelo constrangimento público.
Se o STF consegue constranger o PGR, ele pode trair o amigo. Se a falta de apoio popular constrange o legislativo, a maioria se desfaz rápido. Esses dois ingredientes estão sendo cozinhados.
A pandemia atrapalha. Por isso o fogo é baixo, muito baixo.
"Mas mesmo com toda essa proteção, dois presidentes foram impedidos de 1988 pra cá", o nobre leitor pode estar lembrando disso. É verdade. Só é preciso lembrar também que Dilma e Collor perderam o Congresso quando a popularidade deles foi ao chão e o povo foi às ruas.
Isso, o povo nas ruas, não vai acontecer no meio de uma pandemia.
É preciso lembrar também dos presidentes que não caíram nesses trinta anos. O PGR da época de FHC, justa ou injustamente, ficou conhecido como "Engavetador Geral da República". Arquivava toda denúncia que chegava.
Nos casos de Lula e Michel Temer cultivou-se uma maioria no Legislativo, com distribuição de cargos ou mensalões que serviram de proteção para toda e qualquer tentativa de atingi-los, faltou o povo na rua também. E não foram poucas as denúncias.
Agora tudo depende de como Bolsonaro estará no fim da pandemia. Hoje, a situação dele é de isolamento cada vez maior. Poderia até se estabilizar, caso saísse um pouco dos holofotes.
Mas quem conhece o presidente já percebeu sua indisposição para a paz e se for pernambucano entende a expressão: "é mais fácil um boi voar".