O erro do PT é achar que entregar os cargos que tem junto às gestões do PSB em Pernambuco e no Recife é algo apenas estratégico ou partidário. Como se fosse uma resolução de foro íntimo.
Aliás, esse é um erro que os petistas cometem muito desde que deixaram de ser a esquerda radical dos anos 1980/1990 para virar uma centro esquerda pedigree de boutique.
Não se trata de posição partidária, nem de estratégia política. É uma questão ética e ponto importante de confiança entre a proposta petista, seja quem for a candidata, e o eleitor que pensa em votar na sigla.
É uma questão de respeito até com o eleitor que não vota no PT, que precisa de mensagens claras e não de argumentações táticas baseadas nos planos de um grupo dentro do partido para tomar decisões.
Afinal, o PT é oposição ao PSB no Recife ou não? E se é oposição ao PSB no Recife, cujo grupo é intimamente ligado ao PSB estadual e ao Palácio do Campo das Princesas, é correto fingir que estar na gestão estadual, com a secretaria de Agricultura inclusive, não tem nenhuma relação com a eleição municipal?
Pois é esse o novo argumento de alguns petistas ouvidos esta semana sobre o assunto. "A eleição de 2020 não é estadual", dizem.
A mensagem que o eleitor recebe é tão confusa e injusta que qualquer tentativa de explicar o fato, sem alterá-lo, cria um conflito ético. Trata-se, acima de tudo, de respeitar o eleitor num processo que precisa ser transparente.