Quando Sergio Moro aceitou ser ministro da Justiça, havia algumas dúvidas na equipe da Lava Jato sobre o destino da operação. Acreditava-se que abalava a credibilidade do trabalho deles, mas que ela estava bem protegida, já que o novo governo a estava valorizando.
No governo de Michel Temer (MDB) houve um movimento para acabar com a operação. Mas, a reação popular negativa a um áudio de Romero Jucá (MDB), vazado meses antes, no qual ele falava que era preciso acabar com a operação colocou um freio.
Todo mundo em Brasília tinha medo de atacar a força-tarefa e acabar virando vilão aos olhos do povo. Jucá, em 2018, não conseguiu se reeleger no Senado.
A Capital Federal é como um oceano cheio de tubarões, cada um buscando seu espaço e tentando sobreviver. Podem até não atacar se entendem que correm algum risco, mas se sentirem sangue em alguém, atacam em bando.
O problema da Lava Jato não foi quando Moro assumiu o cargo, foi quando ele saiu. Ao deixar o governo, sair atirando para todos os lados, fazendo acusações, causar repercussão por apenas alguns dias e terminar resumido à expectativa de voltar a ser professor, sem ter causado nenhum grande dano ao novo inimigo Bolsonaro, demonstrou que a Lava Jato já não tinha tanto apoio popular assim.
E podia ser atacada.
O momento mostrou-se propício para que STF, Congresso e Planalto agissem, por todos os lados, em bloco, para atingir a Lava Jato em suas operações e nas decisões judiciais oriundas delas. Certos de que não haveria mais grande reação contrária.
E não houve.