Bolsopetismo

Bolsonaro e Lula são carentes, viciados em atenção, tentando agradar seu público. Bolsopetismo existe

Lula e Bolsonaro têm raízes corporativistas. Bolsonaro também foi um tipo de líder sindical. Dizer que um é bom e o outro é mau não é correto. São iguais.

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Igor Maciel

Publicado em 26/02/2021 às 11:20 | Atualizado em 26/02/2021 às 15:48
Análise
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Depois de declarações recentes como "o petróleo é nosso" e "toda estatal tem que ter uma função social", não há como negar uma expressão que está tomando conta das redes sociais: o "bolsopetismo" existe.

É diferente do "Lulanaro" de 2018, quando se encontrava candidatos, principalmente no interior, levantando bandeira de apoio recebido de Lula (PT) e Bolsonaro ao mesmo tempo. Antes era algo externo, agora, é interno.

O bolsopetismo é fruto de uma revisão bolsonarista sobre as ideias que foram vendidas por Paulo Guedes na eleição. Vendeu, mas nunca entregou.

O mesmo Guedes é desautorizado em seus objetivos quase todo dia, desde então.


É o patrimonialismo exercido com empresas estatais, usando a estrutura pública para angariar apoios, buscando votos. São as declarações contra o "mercado", criticando a "elite".

Tudo, sem surpresa, pauta do PT.

Bolsonaro tem agido de uma forma que chegou a dar curto-circuito em militantes de esquerda.

Na demissão do presidente da Petrobras, o sindicato dos petroleiros, por exemplo, não sabendo de que forma elogiar a medida estapafúrdia sem elogiar Bolsonaro, criou uma narrativa em que o presidente da estatal, praticamente, havia sido "demitido por eles", do sindicato, porque estava "vendendo os ativos da empresa".

A verdade é que o pensamento de Jair Bolsonaro e o de Lula não são distantes, se o leitor analisar bem.

Ambos são populistas e patrimonialistas. Os dois acreditam, entre outras coisas, que estatais estão ali para servir à gestão em suas ações eleitoreiras e não para integrar o mercado e render frutos ao país. 

E não é só isso. Indo mais ao fundo, Lula e Bolsonaro têm raízes corporativistas da mesma forma. É preciso entender que, sendo representante de militares, como sempre foi enquanto parlamentar, Bolsonaro era um tipo de "líder sindical" também. E sempre agiu de acordo com seu grupo.

Os dois foram programados desde muito cedo a concordar com a maioria de seus apoiadores e lutar pelo que eles reivindicam, mesmo que não haja qualquer lógica real na reivindicação.

Manter-se representante de um grupo depende de alimentar, constantemente, os sonhos de seus integrantes, mesmo que tudo não passe de um delírio coletivo sem chance de prosperar.

Criar uma dicotomia entre Lula e Bolsonaro não é honesto se você considerar todos os aspectos de formação deles como personagens da política brasileira.

Se um defende armas, por exemplo, e o outro não, significa que cada um representa um grupo diferente, mas não que são diferentes em sua essência.

Não existe um bom e um mau, esqueçam isso.

Existem dois indivíduos carentes, viciados em atenção, tentando agradar seu próprio público. E usando o Brasil como palco.

 


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