Sem punição a Pazuello, Exército vira a chave para uma interferência política perigosa
Estrategicamente, esticar crises é muito pior do que enfrentá-las de uma vez. Mas, foi a preferência do alto comando, talvez imaginando que pode controlar as consequências posteriores. Não pode.
A justificativa distribuída nos bastidores para o comando do Exército não punir Eduardo Pazuello, depois de ele participar de um ato político com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foi que o comandante teria que pedir demissão depois de punir o ex-ministro da Saúde, porque o presidente iria desautorizá-lo.
A ideia de "mal menor" na ausência de punição, porém, vira uma chave política dentro da instituição e preocupa.
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Bolsonaro vem usando pronomes possessivos demais no governo. E a ideia de "meu" exército, que ele já expressou algumas vezes, somada a essa interferência direta, acende um alerta grave.
Se for verdade que o general Paulo Sérgio resolveu não punir Pazuello para não ter que se demitir e gerar crise maior, significa que ele preferiu jogar o problema da politização das Forças Armadas para o longo prazo.
Estrategicamente, esticar crises é muito pior do que enfrentá-las de uma vez. Mas, foi a preferência do alto comando, talvez imaginando que pode controlar as consequências posteriores. Não pode.
Eis a verdade: em qualquer relação hierárquica, o precedente e a instrução são as bases para sua manutenção. Precedentes são construídos sobre exemplos que corroboram o que é ensinado. Não existe ordem sem bons precedentes que legitimem a instrução.
Quando alguém faz o contrário do que foi orientado e não é punido, o mau precedente destrói a ordem. É o risco, hoje.
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