Cena Política

O "vou dizer à professora" da vacinação em Pernambuco e outras discussões que não deveríamos ter

Na prática, é apenas uma plataforma eleitoral que está sendo explorada por atores políticos, usando a discussão sobre tutela do Estado como pano de fundo. Mas, a fundo, é um problema da formação cultural do brasileiro

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Igor Maciel

Publicado em 07/10/2021 às 18:34 | Atualizado em 07/10/2021 às 22:35
Análise
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O "vou dizer à professora" faz parte de nossa construção para o convívio em sociedade.

De pequenos, na escola, somos incentivados a não resolver situações complexas e recorrer à instituições, "poderosas", que as resolvam.

No começo é a tia do colégio ou os pais.

E vai se formando a ideia de que podemos sempre esperar que alguém resolva nossos problemas.

Adultos, os brasileiros olham para o poder público e começam a cobrar dos gestores tudo aquilo que não costumam praticar no dia-a-dia, desde a ética e a honestidade até o bom uso dos recursos disponíveis.

Também esperamos que o poder público resolva tudo para nós, sem nos obrigar a nada.

A conta não fecha.

Quando se trata de vacinação, no meio de uma pandemia, os decretos obrigando imunização para determinadas situações, em Pernambuco, viraram cabo de guerra entre quem acha que o governo deve interferir na decisão da população de se vacinar e quem acha que isso fere a liberdade do indivíduo, prevista em lei.

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Na prática, é apenas uma plataforma eleitoral que está sendo explorada por atores políticos, usando a discussão sobre tutela do Estado como pano de fundo.

Se tivéssemos outra formação cultural, o governo não precisaria se meter, os políticos não teriam do que reclamar e todo mundo estaria vacinado.

Como não é o caso, deputados estaduais de oposição resolveram se unir para denunciar o governo de Pernambuco à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

É o "vou dizer à professora da professora". Pobre Brasil.

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