Cena Política

Bolsonaro perde mais uma oportunidade de demonstrar liderança com desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira

Presidente só fala para os já convertidos, e assim é difícil reverter eleição. Lula se beneficia.

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Igor Maciel

Publicado em 13/06/2022 às 11:53 | Atualizado em 13/06/2022 às 17:51
Análise
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A quantidade de oportunidades em que Bolsonaro (PL) perde a chance de faturar politicamente com algo e tentar mudar a ideia que se tem sobre ele é incrível.

O caso mais claro foi a pandemia e, nesse ponto, é preciso analisar como o ambiente costuma ser uma armadilha.

O cargo de presidente da República provoca um fenômeno que todos os ocupantes temporários de poder experimentam no círculo mais pessoal.

 

De repente, tudo o que você faz “está certo”, tudo o que você diz “é genial” e até seus tropeços são tratados como uma “estratégia inteligente”.

Quem tem algum senso crítico e pessoal, costuma saber ponderar isso. Quem é vaidoso, embarca na ilusão de que é “bonito e inteligente” e costuma se decepcionar.

Em março de 2020, Bolsonaro poderia ter assumido o papel de um “líder comandando a nação no meio de uma tempestade”.

Mas o caminho mais fácil era o da negação. Ministro da Saúde quando a pandemia começou, Henrique Mandetta chegou a dar uma entrevista explicando que o problema de Bolsonaro na época era estar em luto por causa da crise e ter entrado em negação.

Mandetta também apontava que ao querer negar os fatos encontrava apoio em auxiliares dispostos até a mentir para agradá-lo. Deu no que deu.

Quem não lembra de Osmar Terra, repetindo que “não iriam morrer nem mil pessoas no Brasil”. O presidente repetia as contas de Terra.

Até agora, morreram 668 mil pessoas.

Depois veio a Cloroquina e o presidente abraçou-se com outra solução fácil que lhe apresentaram.

A guerra contra o STF seguiu o mesmo roteiro, incentivada por Abraham Weintraub.

A negação sobre as dificuldades da Amazônia também teve esse enredo, e o maior incentivador era Ricardo Salles.

O que todos esses nomes têm em comum?

Todos deixaram seus ministérios depois de crises, o que mostra que foram erros no percurso da gestão.

Agora, o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips poderia ter servido para que Bolsonaro, novamente, desse uma demonstração de liderança e de que tem o controle sobre a Amazônia. Ao invés disso, o presidente deu declarações enviesadas, ensaiou culpar as vítimas e ficou na defensiva.

Não se trata de ser oportunista ou não, mas de passar um recado claro para os eleitores do país sobre que tipo de presidente eles têm.

Bolsonaro só fala para os já convertidos, e assim é difícil reverter eleição.

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