Cena Política

Se não surpreendeu, Lula deve ter deixado um adversário preocupado. E não é Bolsonaro

Confira a coluna Cena Política desta sexta-feira (26/8)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 26/08/2022 às 0:02 | Atualizado em 26/08/2022 às 1:18
TV Globo/Reprodução
Lula e Bolsonaro foram entrevistados pelo Jornal Nacional em sabatina - FOTO: TV Globo/Reprodução
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Sem surpresas

Se Bolsonaro (PL) surpreendeu por manter o controle, Lula (PT) não surpreendeu porque já era esperado que ele fosse muito bem. Ficar surpreso com a capacidade de discurso dele é nunca tê-lo ouvido. O petista dá nó na História para fazer com que ela fique ao seu favor, é evasivo e consegue falar o que quer sem precisar falar o que o público não quer ouvir. A afirmação de que "sentaria para tomar cerveja com Fernando Henrique Cardoso (PSDB)" na época em que era presidente é conversa mole. Antes amigos, realmente tomando cerveja juntos, Lula cortou relações com FHC após as duas campanhas em que perdeu para o tucano.

Polarização depois

Fernando Henrique relata em livro que ficou surpreso com a maneira fria e distante como foi tratado ao passar a faixa presidencial ao ex-amigo e, assim que assumiu, Lula começou a atacá-lo com o “nós contra eles”, incentivando uma polarização para dar sustentação eleitoral ao seu projeto. 

Precisou vir a morte

Somente as mortes das respectivas esposas quebraram provisoriamente esse ranço. Lula abraçou FHC quando Ruth Cardoso Morreu. O tucano fez o mesmo no velório de Marisa.

Nós e eles

Outro exemplo é a própria expressão “nós e eles”, que Lula evitou usar durante a entrevista, mas buscou defender usando uma analogia com torcidas e times de futebol. Sabendo que a audiência do jogo entre São Paulo e Flamengo, ocorrido um dia antes, foi alta, tratou de usar um momento da partida para ilustrar, com um jogador que havia sido agredido durante o jogo abraçando o adversário fora de campo.

Ex-tucano

Lula falou muito de Alckmin (PSB), não por acaso, mas para deixar claro que o “inimigo” agora é outro. O discurso de Lula, nos 40 minutos da entrevista, foi baseado na ideia de que há dois times e que no dele há vagas, inclusive para quem já foi adversário, como Alckmin.

Ele fez isso, por exemplo, ao dividir o setor do agro entre os que respeitam o meio-ambiente e os “reacionários que querem desmatar”, colando neles até a pecha de “fascistas”. Separou em dois times e deixou em aberto, como quem diz: você integra qual?

Bolsonaro preocupado?

Agora, a questão chave após a participação no JN é se Bolsonaro perdeu eleitores com a entrevista de Lula. Não, não perdeu nem um voto. Quem deve ter ido dormir preocupado, certamente, terá sido outro candidato: Ciro Gomes (PDT).

Porque o petista quer os votos que pode ganhar, não os que nunca teve. E foi bem nisso.

 

Começando hoje

O início do guia eleitoral em Rádio e TV, hoje, marca a última fronteira para que alguns candidatos comecem, finalmente, a mostrar algum resultado dentro daquilo que suas campanhas venderam aos prefeitos e demais aliados hoje embarcados.

É ponto pacífico, por exemplo, que Danilo Cabral (PSB) vai crescer. Anderson Ferreira (PL), também, deve mostrar crescimento. Os programas de TV e Rádio vão ajudar a descobrir até onde vai a resistência do voto regional, de Raquel Lyra (PSDB) e Miguel Coelho (UB). Marília Arraes (SD) manterá a liderança folgada quando os adversários, principalmente o PSB, lhe cobrirem de ataques? Ao contrário do que muita gente acredita, internet é uma força imensa hoje, mas não chega a todos os eleitores, principalmente os de baixa renda e os que moram no chamado “Brasil profundo”, no interior do interior. Lá chega o Rádio e a Televisão.

Por isso é necessário esperar uma semana completa de guia pra ter uma ideia do que será a eleição. Se depois disso, os números não se alterarem, aí sim, é fim de linha pra muita gente.

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