
Dos 25 deputados da bancada federal pernambucana, 13 foram reeleitos. A renovação foi de quase metade do grupo e os que chegaram agora pela primeira vez, ou voltaram à Câmara Federal, como Mendonça Filho (UB), sabem a importância de se afirmar na corrida por espaço em Brasília. Para não ficar no baixo clero, é preciso se movimentar e encontrar um propósito.
Silvio
Um bom exemplo recente é o de Silvio Costa Filho (Republicanos). Após um trabalho na Alepe, quando chegou a ser líder da oposição contra o PSB, Costa Filho conseguiu se eleger deputado federal e reorganizou alianças.
Tornou-se aliado dos socialistas e se fortaleceu na chegada à Brasília, mas sabia que não podia ficar apenas orbitando o PSB, porque o destino de quem faz isso é ser descartado na primeira oportunidade, como já aconteceu com muitos.
Resolveu abraçar a causa do municipalismo, atendendo aos anseios dos prefeitos que circulam pelos gabinetes do Congresso Nacional em busca de apoio para suas gestões. Ao mesmo tempo, aproximou-se dos presidentes, primeiro Rodrigo Maia e depois Arthur Lira (PP), sem se indispor com ninguém no processo, o que chama atenção já que a passagem de uma gestão para a outra não foi de todo pacífica.
Chegou ao ponto de ser cotado para disputar o Senado em 2022 e há quem aposte que ele disputará a Casa Alta em 2026.
Pedro
Pedro Campos (PSB), filho do ex-governador Eduardo Campos, é um dos que podem surpreender nesta legislatura também.
E no caso de um Campos-Arraes em Pernambuco, surpreender é ir além do que se vê como normal para um herdeiro político. É mostrar qualidade e maturidade, construindo uma trajetória própria.
A campanha de Pedro chamou a atenção por não explorar tanto o vínculo familiar e foi feita mais nas ruas do que por propaganda.
Quem o conhece diz que ele tem grande capacidade de se relacionar com a população, de maneira mais próxima, e tem muito futuro.
Lucas
Outro nome jovem que chama atenção na bancada federal é o de Lucas Ramos (PSB).
Quando surgiu o problema com a Transnordestina, já no governo Raquel Lyra (PSDB), enquanto o mundo político ainda estava aguardando mais informações antes de se pronunciar, Lucas se adiantou e colocou o assunto como prioridade de sua atuação, imediatamente, antes mesmo de a governadora convocar uma reunião para pedir apoio na batalha.
Entrevistado no programa “Conexão Recife-Brasília”, nas redes sociais do Jornal do Commercio, Ramos defendeu o ramal de Suape no projeto da ferrovia com fervor.
E a disposição não parou por aí. Colocou o próprio nome para ser um dos coordenadores da bancada federal e, “caso haja uma união de forças”, mostrou-se disposto até a disputar a prefeitura de Petrolina em 2024, sem poupar energia.
Mendonça
Outro que deve se destacar no grupo de pernambucanos desses quatro anos e precisa ser ouvido é Mendonça Filho (UB), nesse caso, pela experiência e pela articulação em Brasília.
Apesar de ter ficado quatro anos sem mandato, o ex-ministro da Educação e ex-governador nunca perdeu os vínculos com a rede de articulações que construiu e isso não é fácil. O normal para quem fica sem mandato é “afundar” longe dos holofotes.
Ter voltado como voltou e nunca ter se apagado já mostra que o deputado é feito de um “material diferente” e sua experiência pode ser muito bem aproveitada pelos mais jovens.
Maria
É preciso ter atenção também para a atuação de Maria Arraes (SD) e de Iza Arruda (MDB), nesse Congresso.
A primeira precisará mostrar que não é apenas uma extensão da irmã, Marília Arraes (SD).
O uso da palavra “mostrar” na frase anterior, e não “provar”, é proposital.
Quem já teve algum contato com as irmãs sabe que Maria tem personalidade própria e já vinha atuando politicamente há alguns anos nos bastidores e tem muito potencial. Precisa mostrar isso.
Iza
Já Iza Arruda foi uma surpresa dentro do MDB e uma promessa que pode ou não se desenvolver. A eleição dela tirou Raul Henry (MDB) que era um quadro muito importante da bancada nos últimos anos.
Para se destacar, precisará entrar em grandes discussões do estado e não correr o risco de se limitar a sua região, em Vitória de Santo Antão.
O caminho pode ser investir na história do MDB em Pernambuco, que não é pequena.
Futuro
Se a bancada pernambucana souber trabalhar em sintonia com as necessidades de Pernambuco, unindo forças no que interessa, para além dos interesses partidários, há muito futuro nesta legislatura.
O problema é que 2024 está chegando e as ambições eleitorais começam a colidir desde agora. Aguardemos.
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