Há males que vêm para o bem. O caso da Transnordestina, prestes a excluir o ramal de Suape de seu traçado, ajudou a unir deputados e senadores numa pauta comum, ao menos por enquanto.
É normal que haja divergências, mas acima de qualquer diferença política é preciso estar o interesse de Pernambuco.
Com uma bancada ainda dispersa, já que o trabalho em Brasília só começa depois que as comissões temáticas são distribuídas e todo mundo brinca carnaval, os deputados e senadores pernambucanos foram obrigados a se reunir nesta sexta-feira (10) com a governadora Raquel Lyra (PSDB).
A principal pauta foi a ferrovia.
Nos últimos dias, muitas cobranças foram feitas aqui aos parlamentares, para que se pronunciassem e tomassem atitude.
Muitos foram pegos de surpresa, inclusive. Alguns disseram que julgavam estar tudo acertado desde o ano passado, quando o governo federal, ainda sob comando de Bolsonaro (PL), avisou que não faria o ramal de Suape.
Na época, uma solução com uma empresa privada foi organizada pelo Governo do Estado, ainda sob comando de Paulo Câmara.
A obra está parada há muitos anos. Em 2016, quando estava prevista a inauguração, já não havia ninguém trabalhando nos trilhos
Na entrada da reunião com a governadora, o deputado federal Mendonça Filho (UB) lembrou que era o governador quando Lula (PT) lançou o projeto, em 2006, e cobrou uma solução para o caso.
Ponto importante é que na saído do encontro com Raquel Lyra, os dois senadores petistas, Humberto Costa e Teresa Leitão, garantiram que se não for resolvido a contento com os ministros responsáveis, pretendem marcar uma conversa com o próprio presidente Lula para que Pernambuco não saia prejudicado.
Será preciso aguardar, a cobrança precisa seguir, mas foi um começo, ao menos.
Numa entrevista a este colunista e ao correspondente do Sistema Jornal do Commercio em Brasília, Romoaldo de Souza, o deputado federal Augusto Coutinho (Republicanos) demonstrou interesse em discutir também a construção da Escola de Sargentos do Exército em Pernambuco.
O equipamento foi definido para Pernambuco e até a pedra fundamental foi registrada como símbolo.
Mas, agora, surgem interesses de outros estados tentando levar a unidade para fora. O estado seria, novamente, prejudicado.
Impressiona que a mudança de um governo bolsonarista para o de um pernambucano esteja trazendo tantas incertezas para Pernambuco. Até no que já era dado como certo.
A pressão política pode ter feito sua primeira vítima no governo Raquel Lyra.
Ela teria sido obrigada a exonerar um funcionário, o secretário executivo de Políticas sobre Drogas, porque ele “não agradava o setor evangélico do PP”, segundo uma fonte no Palácio.
O psicólogo Rafael West, que já foi gestor do programa Atitude com Eduardo Campos, acabou tendo que sair.
Segundo a coluna apurou, a origem da insatisfação teria sido o casal Michele e Cleiton Collins, que desenvolve trabalho nessa área.
Ela é vereadora do Recife e ele deputado estadual, ambos do PP.
O partido fez oito deputados em 2022 e ensaiou um atrito com a governadora quando insistiu por um tempo na candidatura de Antônio Moraes (PP) contra Álvaro Porto (PSDB) pela presidência da Alepe, mas não foi adiante porque não conseguiu atrair o PSB na construção.
O problema é que o PP está negociando uma fusão com o União Brasil em nível nacional, já nos próximos meses, e isso faria do grupo, em Pernambuco, a maior bancada, empatada com um dividido PSB, com 13 deputados.
Nessa conjuntura, arriscar uma briga não seria bom para a governadora no relacionamento futuro.
O ex-deputado Wolney Queiroz (PDT) foi convidado para assumir a secretaria executiva da Previdência no governo Lula (PT). Wolney chegou a ser líder da oposição, nacionalmente, em 2022 e foi o indicado pelo PDT para a transição do governo atual, no fim do ano passado.
Bem no dia em que mais uma chuva forte castigou o Recife, na última segunda-feira (6), o prefeito João Campos (PSB) estava recebendo um grupo de holandeses que veio conhecer o problema dos alagamentos na cidade para oferecer soluções.
A Holanda é uma referência no monitoramento e controle de episódios desse tipo. Lá, os canais são a salvação.
João tem a oportunidade de deixar um legado no Recife. E nada mais apropriado e benéfico do que ser o gestor que resolveu o problema dos alagamentos na cidade.
Marcaria muitos pontos se fizesse isso.