Salvo se Lula (PT) topar uma briga interna, com o objetivo de agradar um aliado como Paulinho da Força (SD), o comando da Sudene deve ficar mesmo com alguém do PT.
O nome de Dilson Peixoto (PT) foi mencionado, mas ele também estaria cotado para o Metrô do Recife. Não é garantido.
Se aceitar agradar Paulinho da Força, Marília Arraes (SD) é quem teria chance de assumir o órgão. O problema é que Humberto Costa (PT) estaria trabalhando contra a indicação. A informação é que o senador pretende indicar alguém do grupo dele.
O MDB queria a Sudene e até buscou informações com o intuito de indicar Raul Henry (MDB), que preside o partido em Pernambuco, mas a resposta que os emedebistas receberam foi que a Sudene ficaria com o PT.
O que é curioso, porque o ex-deputado Raul Henry tem um plano de desenvolvimento para o Nordeste, pronto, fruto de um trabalho bem aprofundado na região durante o mandato dele, que se encaixaria muito bem com a Sudene e poderia dar novo propósito à hoje esvaziada superintendência.
Difícil saber o que o PT, ou o Solidariedade, pretendem fazer por lá.
Como compensação, Lula tentou oferecer o metrô ao MDB. Seria parte do pacote do Ministérios dos Transportes, já ocupado pelo partido.
O MDB agradeceu e dispensou. Ninguém quer assumir o “saco de gatos” que é o metrô do Recife. E é difícil condenar quem prefere passar longe de lá.
Portanto, o presidente do MDB em Pernambuco, Raul Henry, não vai para a Sudene.
Essa informação vem sendo divulgada como possibilidade por aí, mas não está mais no radar do ex-deputado que já tem conversas bem adiantadas com uma instituição da área educacional que atua no terceiro setor.
Henry vai prestar consultoria para esta fundação e as conversas estão praticamente fechadas.
Realmente, houve articulação para que ele assumisse a Sudene, mas já passou.
Para quem conversa com Raul, o ex-deputado tem se mostrado bastante agradecido, inclusive, ao deputado Augusto Coutinho (Republicanos) e ao presidente estadual do PDT, Wolney Queiroz.
Teria partido deles dois uma defesa enfática da importância de o pernambucano ser indicado para a Superintendência. Wolney e Coutinho dividiram a coordenação da bancada pernambucana em Brasília até o fim do mandato.
A Sudene, entretanto, deve mesmo ficar com o próprio PT.
A federação entre União Brasil e Progressistas, que deve transformar o bloco partidário no maior do país se for confirmada, está fazendo os agentes políticos recalcularem as estratégias em alguns estados e Pernambuco é um deles.
Na Câmara Federal, o grupo ficaria com 108 parlamentares, sendo nove deputados a mais que o PL. A maior parte dos deputados, hoje muito próximos a Arthur Lira (PP), estaria com o governo Lula (PT) na situação.
A resistência em Pernambuco passou por Luciano Bivar (UB). Hoje presidente nacional do partido, Bivar teria seu poder diluído já que a Federação terá um coordenador, que não será ele.
Depois de perceber que não tinha como lutar contra, Bivar já estaria aceitando melhor a ideia. Mas ainda há resistências.
Há quem diga que o interesse de ACM Neto (UB) na federação é exatamente assumir essa coordenação e enfraquecer o Bivar.
Nas eleições de 2022, o pernambucano teria prejudicado deliberadamente outros candidatos do partido em Pernambuco, como Mendonça Filho (UB) e até o próprio ACM na Bahia, enquanto privilegiava aliados pessoais.
Isso causou brigas internas que ninguém fez muita questão de esconder.
Ontem (13), em entrevista à Rádio Jornal, no Passando a Limpo, o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), que também chegou a ter divergências com Bivar, fez questão de dizer que nada estava nada resolvido ainda sobre a federação, mas não escondeu que seria algo bem vindo já que a bancada na Alepe ficaria maior.
Ele tem razão. A federação PP-União, na Assembleia, poderia chegar a 13 deputados estaduais. Seria a maior bancada, empatada com um PSB que hoje está bem dividido.
Tanto PP como União Brasil têm se colocado como independentes nas relações com a governadora Raquel Lyra (PSDB) na Assembleia.
Independência, nesse caso, é uma espada de Dâmocles. Dependendo da situação, se não for ouvido e atendido, o grupo pode prejudicar a governabilidade e já há quem faça cálculos disso.
Com 13 deputados, o impacto aumenta.
Já na bancada federal pernambucana, essa aproximação também pode mudar o equilíbrio do poder. Juntos, PP e União Brasil alcançariam sete deputados federais pelo estado.
Na hora de definir coordenação de bancada e distribuição de emendas coletivas, a federação PP-União terá, no papel, maioria sempre.
O mapa do poder, que sofreu impactos com a fusão PSL-DEM e depois com a eleição de quase 100 deputados pelo PL, deve passar por mais uma transformação nos próximos dias. E não é pequena.