Você conhece o tamanho de um homem pelas batalhas que ele precisa travar. Baseado nessa frase, podemos dizer que o governo Lula, até agora, é medíocre. Não precisa continuar sendo assim, é importante que melhore, mas por hoje é o diagnóstico.
Porque se a "grande batalha" cuja vitória está sendo comemorada pelos aliados mais próximos é a votação de uma Medida Provisória de organização dos ministérios, o governo está perdido e muito debilitado. Mais debilitado do que se imaginava.
Explico: se você estiver completamente saudável e no topo de sua mobilidade física, acordar, levantar e sair andando é apenas rotina. O ato de levantar e sair andando só pode ser considerado uma “grande vitória” se o sujeito em questão estiver debilitado, tentando voltar a andar com as próprias pernas outra vez.
Importante explicar também do que se trata a MP que o governo está comemorando aprovação. É a estrutura do governo, os nomes e o número das pastas, que haviam sido definidos no dia 1º de janeiro e a espetacular incompetência da articulação política do Planalto foi “deixando para resolver depois”.
Fazer da simples definição das atribuições dos ministérios uma grande batalha, com quase seis meses de governo, é o retrato de um país perdido, tentando morder o próprio rabo e girando em círculos.
A grande vitória do governo foi numa matéria mais trivial do que arroz, feijão e ovo. Sem falar que foi uma vitória bem questionável. O ministério do Meio Ambiente foi desidratado, o dos Povos Indígenas inutilizado e o contribuinte gastou, pelos cofres da União, quase R$ 2 bilhões, “convencendo” os deputados. Foi um prato de arroz, feijão e ovo com preço de filé mignon.
Para piorar, e isso é o mais grave, o próprio Lula precisou pegar em "armas" e ir à linha de frente na articulação. Estamos com menos de seis meses de governo e o Planalto precisou do presidente para resolver uma votação trivial.
Quando a votação for mais difícil e o presidente não resolver, vai se apelar para quem?
Se o Executivo quiser comemorar algo de verdade e o Legislativo quiser trabalhar com algo de verdade, deveriam estar todos debruçados sobre a Reforma Tributária. Este sim é um assunto importante, da sala dos adultos, para nossos políticos muito bem pagos e extremamente mimados se ocuparem.
A reforma Tributária já foi citada pela ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), como a “bala de prata” para resolver os problemas da economia no país.
Motivo para comemorar mesmo o governo teve foi com o anúncio do PIB nesta quinta-feira (1°). O esperado era que o crescimento do Produto Interno Bruto não passasse de 1,5%. Chegou a 1,9%. Mas nem essa alegria é completa.
Há uma preocupação na comemoração sobre o PIB. É que o resultado só foi positivo por causa do crescimento de um setor com o qual o governo Lula não se dá muito bem: o Agro.
O Agro cresceu mais de 20% nos três primeiros meses do ano. A Indústria caiu, os Serviços também. E o maior problema disso é a fragilidade do crescimento. O resultado do Agro só foi tão bom porque não há qualquer tipo de limitação hídrica no país nestes últimos meses e porque o setor teve muito apoio da gestão anterior.
Ninguém garante que o apoio vai continuar igual e basta vir uma seca para a crise se instalar outra vez.
O bom resultado, porém, abre espaço para que o Banco Central reveja a taxa de juros com um pouco mais de segurança. A perspectiva é que na próxima reunião do órgão a sinalização seja mais positiva, mesmo que não haja uma queda imediata.
Nas últimas conversas entre a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o ministro da Defesa José Múcio, surgiu o assunto da construção das barragens na Mata Sul de Pernambuco e uma parceria está sendo planejada. A ideia é que militares do Exército sejam utilizados na conclusão das obras.
Até 2022, somente uma das cinco barragens prometidas por Lula e Eduardo Campos após a tragédia das chuvas de 2010 havia sido concluída. Panelas Dois, em Cupira; Igarapeba, em São Benedito do Sul; Barra de Guabiraba, em Barra de Guabiraba, e a barragem dos Gatos, em Belém de Maria estão com obras paradas ou muito atrasadas.
Até agora, apenas a barragem de Serro Azul ficou pronta. Foi inaugurada em 2017, com três anos de atraso do prazo inicial. Serve ao menos para segurar a água, mas ainda nem abastece os municípios próximos como foi projetado.