Formação de palco em evento político é coisa que merece análise, porque é, quase sempre, o retrato de alguma estratégia em curso. Quem observar, por exemplo, o palanque montado para a visita do ministro da Justiça, Flávio Dino, a Pernambuco, terá uma amostra disso.
PCdoB e PSB
Na disposição dos assentos, a governadora ficou ao centro, com o ministro logo ao lado , é o protocolo. Flávio Dino é do PSB e completaram a primeira fila outros três integrantes do PSB, entre eles o prefeito João Campos, além de dois integrantes do PCdoB, entre eles a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, presidente nacional do partido.
Terreno
Voltando 12 meses no tempo, todos eram adversários de Raquel Lyra na campanha pelo governo. Hoje eles não são aliados, longe disso, mas estavam lá.
E não estavam apenas pelo protocolo, embora esta seja a desculpa de todos, mas para não entregar todo o terreno nos arredores do presidente Lula à governadora. PSB e PCdoB tentam proteger um território, evitando o avanço de Raquel sobre aliados locais.
Aliados futuros
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), se encontrou recentemente com a governadora no Palácio. Fala-se que caso Raquel vá para um partido mais próximo de Lula, a aproximação de Silvio com o Palácio deve ficar mais sólida e pública. O mesmo vale para o MDB. Seguindo o que já aconteceu com o PSD.
Este último, inclusive, continua sendo a principal possibilidade partidária para recebê-la, caso deixe o ninho tucano.
Sinais
Longe de ser uma estratégia apenas da governadora, é algo que já está sendo sinalizado pelo próprio presidente. Políticos experientes falam por gestos, porque o gesto dá espaço para que se construa a narrativa depois.
Os ministros já entenderam que a ordem de Lula é atender Raquel e tratá-la como aliada de primeira hora. Com essa sinalização, começam a ajustar suas narrativas. Alguns dizem que é porque aqui é a terra natal do presidente, outros dizem que é porque Raquel está sempre em Brasília buscando recursos.
Mas ninguém deixa de atendê-la.
Vertical
Está se construindo um ambiente em que a aproximação governadora/presidente vai obrigando a oposição a fazer concessões e medir palavras para tratar com a gestora local, com medo de perder o importante apoio do Planalto. Reclama-se da dificuldade de articulação de Raquel em Pernambuco.
Mas, parece que diante dos obstáculos locais, ela vai encontrando um atalho.
O depois vem antes
Com a vantagem de poderio militar, ninguém duvida que Israel vai alcançar facilmente o objetivo de acabar com o Hamas. Pode demorar, mas vai acontecer. A preocupação, agora, é com o que vai acontecer em seguida.
Há informações de que os israelenses já bombardearam um aeroporto na Síria, por exemplo, por causa da relação da Síria com o Irã. Isso já é uma escalada que vai além do Hamas. O que virá depois?
Desbloqueando
O presidente Lula, ao menos, já conseguiu pronunciar a palavra Hamas em seu discurso sobre a guerra. É um avanço. Na última manifestação do presidente brasileiro, ele pediu que “o Hamas liberte crianças israelenses” que foram sequestradas. O petista foi pressionado pela política nacional e internacional depois de ter feito uma condenação à guerra sem citar o Hamas.
A palavra “terrorismo” ele continua não conseguindo dizer.
Múcio
Por outro lado, é preciso destacar o trabalho do Governo Federal, através do ministro da Defesa, José Múcio, no resgate dos brasileiros que estavam em Israel. No tempo mais curto foi possível começar o transporte dos cidadãos em área de conflito. Muitos já estão no Brasil.
Em 2020, na hora de trazer os brasileiros que estavam na China durante a pandemia, o então presidente Bolsonaro chegou a dizer que era “muito caro fazer isso”, e só realizou o transporte após muita pressão.