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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

Há muitos motivos para mandar Flávio Dino ao STF, mas apenas uma razão

Confira a coluna Cena Política desta terça-feira (28)

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Igor Maciel

Publicado em 27/11/2023 às 20:00
Ministro Flávio Dino (PSB) - Reprodução TV

A indicação do ministro Flávio Dino (PSB) para o Supremo Tribunal Federal é cheia de motivos, mas tem apenas uma razão.

Ele vai para o STF por causa da falta de resultados à frente da pasta de Justiça e Segurança Pública. Vai também por causa do desejo do PT de ocupar o espaço de mais um ministério. Também por causa da ameaça que ele passou a representar ao, não sendo petista, tornar-se popular em bolhas de redes sociais que não dependem dos resultados do governo.

E a razão

Dino, porém, é um animador de auditório cômico e demagogo, com verniz de consciência social. Sendo racional, sua indicação não faz qualquer sentido.

Ele é melhor que um Toffoli, aquele que nunca nem passou num concurso para juiz, mas não é um estudioso profundo em nenhum aspecto do direito. Concluiu um mestrado na UFPE sobre a importância do Conselho Nacional de Justiça e depois já “virou político”.

Os motivos políticos para a indicação de Flávio Dino são muitos, mas a única razão para o nome dele ser o indicado pode ter sido a necessidade de Lula “pedir desculpas” ao Supremo.

Senado x STF

Para quem não lembra, faz poucos dias que o Senado aprovou uma Proposta modificando a Constituição e reduzindo os poderes do STF.

O problema não foi somente a aprovação, mas o voto favorável do líder do governo, Jaques Wagner (PT). O voto colocou Lula em situação difícil. Os ministros do STF ficaram muito irritados e apontaram sua munição toda para o Palácio do Planalto. Gilmar Mendes chegou a dar entrevistas lembrando que se não fosse por decisões do STF, Lula não estaria no cargo.

Coincidências

Imediatamente, Lula precisou sanear a relação e agradar os nomes mais fortes e influentes do Supremo Tribunal Federal. São eles: Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Roberto Barroso.

Agora, adivinhe o caro leitor quem eram, coincidentemente, os nomes preferidos desse trio para ocupar a vaga aberta do STF e da PGR.

Sim, exatamente os indicados: Flávio Dino e Paulo Gonet.

Xadrez

É impossível garantir que foi uma armação muito bem organizada entre os beneficiados, incluindo petistas de dentro do governo e o líder Jaques Wagner, para colocar Lula na parede e obrigá-lo a indicar os dois como queriam os ministros do STF.

Mas as peças se encaixaram tão bem no que era almejado por eles, que fica difícil acreditar em outra coisa.

Agora ele vai

Resta saber se Flávio Dino conseguirá comparecer à própria sabatina. Nos últimos meses ele recebeu várias convocações do Congresso para dar explicações sobre polêmicas ou sobre a inação crônica de sua pasta na área de Segurança Pública. Nas justificativas para faltar, dizia que havia “risco a sua segurança”.

Será que, agora, ele vai se sentir seguro?

Raquel no PSDB

Cresceu nos últimos dias a aposta de que Raquel Lyra vai deixar o PSDB ainda antes do que era esperado. O motivo é a provável radicalização dos tucanos contra Lula (PT). Raquel, como se sabe, estará na comitiva do presidente em Dubai e hoje é uma de suas principais aliadas entre os governadores. A permanência no PSDB pode ficar difícil.

Houve conversas com o PDT, mas o favorito para recebê-la, hoje, é o PSD. Nada impede, também, que Raquel fique sem partido por enquanto.

O PSDB, imagina-se, seguirá aliado do governo em Pernambuco, controlado de perto por Raquel, mas sem a governadora dentro.

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