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Cena Política

Por Igor Maciel
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O Plano Real e a importância de gastar com responsabilidade

Confira a coluna Cena Política desta terça-feira (19)

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Igor Maciel

Publicado em 18/12/2023 às 20:00
Fernando Henrique Cardoso (FHC) passou a faixa presidencial para Lula - VANDERLEI ALMEIDA/AFP

O que foi melhor para a economia do Brasil nos últimos anos, o Plano Real que estabilizou o país ou o Bolsa Família que distribuiu renda para quem estava na miséria? O que foi melhor, a Lei de Responsabilidade Fiscal que controla gastos públicos ou o PAC que aumenta os gastos para gerar empregos?

O Ipespe divulgou, esta semana, o Observatório Febraban, com uma pesquisa sobre a percepção dos brasileiros em relação à economia, principalmente no que diz respeito ao Plano Real, que está completando 30 anos. Os resultados são interessantes.

Amargo também é bom

Na discussão sobre gastar ou não gastar para que o país cresça, é importante prestar muita atenção ao levantamento. Os políticos acham que a população não presta atenção nas medidas econômicas voltadas para a responsabilidade fiscal e o equilíbrio financeiro, mas não é bem assim. O remédio doce é muito melhor aceito, mas o eleitor sabe reconhecer quando os “remédios amargos” dão resultado.

Importantes juntos

A pesquisa Ipespe mostrou que o Plano Real e o Bolsa Família estão no mesmo patamar quando se pergunta sobre os “programas e ações mais importantes para a economia brasileira nas últimas décadas. O Bolsa Família chegou a 26% e o Plano Real a 23%. Como a margem de erro é de 1,8%, há um empate técnico, com leve vantagem para o programa de distribuição de renda.

O terceiro colocado nessa lista é a “abertura da economia para o comércio internacional”, com 15%.

Bons e ruins

A primeira medida é do governo Lula (PT), a segunda do governo Itamar Franco, com Fernando Henrique Cardoso (PSDB) como ministro da Fazenda, e a terceira veio no rápido governo Collor.

A grosso modo, o Bolsa Família gasta dinheiro público, o Plano Real equilibrou as contas públicas e a abertura promovida por Collor, fez o Brasil ganhar dinheiro. Todas tiveram consequências boas e ruins. E todas foram necessárias para termos o país que temos hoje. Todas são essenciais em suas medidas.

Responsabilidade

Outros dois itens da lista chamam atenção por também estarem no mesmo patamar. A Lei de Responsabilidade Fiscal, que institui vários dispositivos de controle para impedir mau uso do dinheiro do contribuinte, teve 3% das menções. O PAC, programa feito para gastar muito com a contratação de obras que aqueçam a economia do país, teve 2% dos “votos”.

Recado

O recado, que parece claro, é o de que o brasileiro concorda que se gaste dinheiro para investir na geração de empregos e no auxílio aos mais necessitados, mas espera que isso seja feito com muita responsabilidade e somente se não comprometer a estabilidade da economia.

Sem risco

É bom que o governo esteja disposto a investir dinheiro para aquecer a economia, mas ninguém vai aceitar com tranquilidade que esse gasto venha a colocar em risco a estabilidade da economia. Se errarem a mão na hora de gastar e tivermos risco de voltar ao período de hiperinflação, não haverá desculpa.

Lembrança ruim

Sobre isso, chama atenção que, na mesma pesquisa, 37% dizem que ainda lembram como era a hiperinflação. E vai além, porque 70% dos entrevistados dizem saber do que se trata e os prejuízos de algo assim. Político que apostar em gastar sem responsabilidade, vai sofrer consequências.

Haddad

Dentro das polêmicas que envolvem o governo Lula gastar ou não gastar para o desenvolvimento do país, uma coisa está bem posta pelo Ipespe: não se pode deixar de investir, mas perguntem antes ao Fernando Haddad (PT). Como ministro da Fazenda, ele sabe o tamanho do cofre.

Se ele disser que não dá, não adianta o restante do PT chorar.

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