Sobre a harmonia, a concórdia e a vantagem de chegar primeiro

Harmonia e concórdia são termos com o mesmo significado. Um é sinônimo do outro, embora sejam de origens diferentes. Na mitologia, a Harmonia é grega e a Concórdia é romana, mas são equivalentes.

A primeira foi lembrada, na prática, na Constituição Federal Brasileira, com base na Teoria da Separação dos Poderes.

Unidos pela separação

Montesquieu foi genial e mais ainda foram os gregos, que já utilizavam esse sistema para a organização do estado, quando colocaram a harmonia como fator de controle para a independência do Legislativo, do Executivo e do Judiciário.

Em resumo, os poderes só funcionam bem, separados, quando estão em harmonia, caso contrário tendem ao isolamento e à autodestruição.

Muito tentaram

Quando não se entendem, isolados e em atrito, prejudicam o povo. Sem apoio do povo, perdem a legitimidade e morrem dentro de si.

Qualquer um pode achar que é sagaz o suficiente para brigar, fazer “do seu jeito”, driblar esse roteiro e fugir desse destino. Boa sorte para quem achar que pode, dentro da lei, ignorar um sistema com cerca de 4 mil anos.

Um aviso: não tem como dar certo.

Natural

No curto prazo parece estar sendo positivo, você comemora a independência e a sua própria força e se regozija de não precisar de ninguém para exercer sua função. Em seguida começa a sentir que seu chão está evaporando e vai ficando menos seguro sobre a própria sustentação. É um efeito natural. Porque os fluxos de poder começam a não funcionar direito.

A independência sem harmonia parece sólida, mas não aguenta um vento mais forte.

Trava

Quando o Executivo ou o Judiciário tentam legislar e o Legislativo tenta executar, a tendência automática é que a crise institucional decorrente disso paralise toda a engrenagem cedo ou tarde. Por ser um sistema de freios e contrapesos, qualquer desequilíbrio nas atribuições termina por paralisar a máquina inteira.

Prioridade

Por isso há imediato prejuízo para a população pernambucana quando a harmonia e a concórdia são deixadas em segundo plano, substituídas pelas negociações financeiras de repasses ou pela distribuição de cargos.

Essas duas atividades são parte do “fazer política” que tanto se defende no meio. Mas nada pode abalar a harmonia.

Mitologia

Tanto os gregos, que endeusaram a Harmonia, quanto os romanos, que endeusaram a Concórdia, entendiam que era impossível sobreviver sem elas.

Isso fica bem claro na história que era contada sobre a Concórdia, por exemplo. Em Roma, dizia-se que ela era filha de Vênus e Ares. A primeira, a mãe, era a deusa do amor. Já o pai era o deus da guerra.

A Concórdia vivia entre a emoção e a razão, entre o conflito e a doçura. E, como era a herdeira de seu pai, apenas a sua existência já indicava que toda briga precisava ser sucedida por alguma paz para que os campos, castigados pelas marchas das legiões, florescessem e alimentassem o povo.

Que sirva de exemplo. E de lição.

Republicanos com João

O Republicanos foi o primeiro partido a anunciar apoio à reeleição de João Campos (PSB) oficialmente. É uma movimentação importante e põe fim às especulações de que o partido poderia negociar uma aproximação com a governadora Raquel Lyra (PSDB) este ano.

Confirma o que a coluna escreveu há algumas semanas, quando o ministro Silvio Costa Filho (Republicanos) garantiu que estaria no palanque do PSB no Recife.

Ouro, prata, bronze

No primeiro governo Eduardo Campos, as pessoas brincavam que ele dividia em medalha de ouro, prata e bronze os aliados.

A referência era aos que estavam com ele desde o início, nos momentos difíceis como o escândalo dos precatórios, os que se aproximaram só no princípio da eleição de 2006, quando ele tinha menos de dois dígitos nas pesquisas, e os que apareceram apenas quando o socialista já estava no segundo turno da disputa ou quando já havia vencido.

No futuro, João Campos vai poder dizer que Silvio Costa Filho chegou primeiro. E ninguém terá como reclamar.