Cena Política

O que é simbologia e o que é concreto na chegada do PDT à gestão Raquel Lyra

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (8)

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Igor Maciel

Publicado em 07/02/2024 às 20:00
Análise
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O PDT está dentro do governo Raquel Lyra (PSDB). Isso vai agregar para a base dela na Alepe um total de nenhum deputado estadual. Em sua bancada federal, haverá apoio de nenhum deputado também. Qual o sentido, então?

Além de alguns pontos particulares que podem ser explicados adiante, a entrada do PDT na composição do Palácio do Campo das Princesas tem a ver com capilaridade regional, acesso federal e simbolismo.

Ampliando bases

A capilaridade diz respeito à ampliação dos pontos de interesse direto do grupo de Raquel Lyra, nos municípios de Pernambuco, para a eleição que vem por aí. O PDT tem poucos prefeitos, elegeu apenas três em 2020, mas há interesse direto em várias cidades. Algumas nas quais o PSDB não tinha nomes já certos para a disputa.

Essa ampliação aumenta a presença da governadora em palanques municipais e lhe empresta bases que servirão agora e depois, em 2026.

Mais interlocução

O acesso federal melhora porque, mesmo que a sintonia entre Raquel Lyra e o presidente Lula esteja afinada, ter acesso direto a gabinetes ministeriais nos quais estão aliados regionais é um encurtador de caminho para as verbas e projetos que podem vir a Pernambuco. Esse acesso direto passou a existir com o PSD, que além de André de Paula na Pesca tem os ministérios de Agricultura e de Minas e Energia. Agora haverá com o PDT, que comanda o ministério da Previdência.

Nessas pastas, como em outras de aliados, não é preciso o ministro “receber um telefone de Lula” para atendê-la.

Simbologia 1

O simbolismo é “tirar” da base de João Campos (PSB), na prefeitura do Recife, o partido no qual está filiada a sua vice-prefeita. A ideia inicial era fazer ainda mais e indicar a própria Izabella de Roldão (PDT) para a secretaria de Criança e Juventude.

O ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), e o secretário-executivo do ministério, Wolney Queiroz (PDT), atuaram para indicar o nome de Ismênio Bezerra como alternativa e foi aceito.

Simbologia 2

A questão da simbologia tem dois pontos. É que além de ser o partido da vice de João Campos, trata-se do partido que esteve na vice de Eduardo Campos em seus dois mandatos como governador de Pernambuco. O PDT funcionou, desde duas décadas atrás, como um dos satélites do PSB no estado, dando um suporte grande no Agreste, onde já teve bastante força.

O partido pretende retomar esse poder regional e viu na governadora uma forma melhor de fazer isso do que ficando com os socialistas.

Caruaru

Entre as questões específicas, há a prefeitura de Caruaru. A tendência, agora, é que Raquel apoie a candidatura do PDT contra o atual prefeito Rodrigo Pinheiro, que é, por enquanto, de seu próprio partido.

Rodrigo foi vice de Raquel na prefeitura, mas ainda durante a eleição para o governo houve atritos sérios que minaram a confiança dela em seu ex-colega de palanque.

Buscando

Há algumas semanas Rodrigo tenta trocar de sigla e já chegou a anunciar que iria para o Republicanos, mas o partido que iria recebê-lo começou a dar sinais de que a ficha de filiação não seria assinada. Se ficar no PSDB é difícil saber se conseguirá disputar. E, se disputar, é difícil saber se terá apoio real do partido para montar uma estrutura de campanha.

Ele já buscou outras casas mas, até agora, não conseguiu ninguém que quisesse se arriscar a brigar com a governadora por ele.

Se não sair

Existe a possibilidade de Rodrigo Pinheiro ficar no PSDB e ser candidato. Nesse caso, para não ficar contra o partido e nem contra o aliado PDT, a governadora teria o argumento de não se envolver na campanha.

O problema é que as pesquisas mostram José Queiroz quase empatado com o atual prefeito. E se não tiver a governadora no palanque, o argumento do ex-prefeito Queiroz vai ser bem simples: “nem a governadora do seu partido lhe apoia”.

Não é algo bom de ouvir.

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