Cena Política

O Hamas sobrevive de escudos humanos e da ignorância útil alheia. Lula ajudou

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Igor Maciel

Publicado em 19/02/2024 às 20:00
Análise
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É difícil adivinhar o que Lula (PT) pensa especificamente sobre o Hamas. Dado aos subterfúgios usuais que o presidente usa, ele pode condenar ou reverenciar o grupo terrorista, dependendo dos interlocutores, do público, da meteorologia e da posição do vento.

Lula é capaz de comparar o povo de Israel aos nazistas para, logo em seguida, vendo que a declaração não pegou bem, dizer que estava se referindo “apenas ao governo e não ao povo”, como aconteceu.

Ditadores têm Instagram

Houve uma época na qual Lula se destacava por ser capaz de trilhar oito discursos diversos para oito pessoas diferentes numa mesma sala, sobre o mesmo assunto, e ter oito espectadores encantados ao fim, todos achando que escutaram argumentos únicos, maravilhosos.

Aliados e oposicionistas já declararam que era perigoso conversar com ele, porque a capacidade de convencimento do petista é absurda.

Mas os tempos mudaram e Lula não mudou. É aí que está a maior dificuldade para ele. Hoje, os grupos terroristas e os ditadores têm Instagram.

Hoje eles agradecem de forma “oficial” e vinculam falas soltas ao vento a um destinatário.

“Obrigado, Lula”

Não fosse pelo agradecimento feito pelo Hamas, o presidente poderia apenas dizer que foi mal interpretado, que não defende quem pratica atos terroristas e o assunto esfriaria em 24h.

No fim, analistas, como este que vos fala, diriam com certo ar de superioridade pueril que havia dupla tonalidade proposital na declaração, feita de propósito para agradar algum setor da esquerda mais radical no Brasil em ano eleitoral. A reação do governo de Israel mostraria que Lula estava certo, porque irritou exatamente a gestão de direita que ele “queria irritar”.

Mas quando um grupo terrorista publica nota agradecendo, a coisa muda.

Consequências

Muda porque delimita as duas partes específicas do conflito, uma que se irritou e outra que agradeceu. Não é só uma opinião jogada ao vento para ser aproveitada por cada um que a pega, da forma que quiser. Toda opinião produz consequências, quando encontra aliados e opositores pelo caminho.

Ela se legitima quando agrada e incomoda. E se o emissor for um presidente da República, tudo se torna ainda maior e, a depender do conteúdo, mais desastroso.

Hamas

É importante deixar claro, mais uma vez, o que é o Hamas. É importante repetir, porque falas como as dos petistas acabam distorcendo a realidade e dando nuances de heroísmo à barbárie covarde que é o método do grupo.

Não faz uma semana que, no carnaval, havia pessoas no público empunhando bandeiras da Palestina e, certamente, fossem colocadas em frente a um mapa não saberiam apontar com o dedo indicador a localização referente àquela bandeira.

Papagaios

Embora sejam capazes de repetir como papagaios o mesmo discurso enviesado, repleto de lugares-comuns ideológicos que figuras como Lula e Gleisi Hoffmann repetem sobre o conflito no Oriente Médio, nunca nem estudaram as origens do conflito.

A identificação que a maior parte dessas pessoas têm com a Palestina é a mesma que têm com Fidel Castro, Cuba, Che Guevara, socialismo e Venezuela: nenhuma.

Repetem o discurso irresponsável apenas para cumprir um papel social dentro da bolha em que estão junto aos amigos.

Terror

O Hamas é um grupo terrorista, reconhecido assim por Estados Unidos, Reino Unido, Japão e pela União Europeia inteira, além de Israel. O Brasil não admite que ele é terrorista e justifica dizendo que só o fará se a ONU também o reconhecer.

Como nunca houve declaração formal na ONU sobre o assunto, Lula e cia usam isso para seguir com seus vergonhosos discursos desconexos da realidade.

E Maduro?

A desculpa petista para não condenar o Hamas, apoiada na ONU, é bem curiosa porque entre 2022 e 2023 a Organização das Nações Unidas divulgou um relatório sobre a Venezuela apontando restrições contra a sociedade civil, dissidentes sem acesso à Justiça, fechamento de rádios e criminalização de sindicalistas.

Mesmo assim, pouco tempo depois, Lula declarou que “democracia era algo relativo” quando questionado sobre Nicolás Maduro que o visitava. Para os petistas a ONU é uma referência, mas só às vezes.

Talibã

O Hamas não é um grupo revolucionário querendo dar uma boa vida aos palestinos. É uma organização fundamentalista, disposta a implantar uma teocracia islâmica e, como é comum nas teocracias islâmicas que conhecemos, pretende restringir liberdades individuais, perseguir homossexuais e excluir mulheres da sociedade.

O Hamas é semelhante ao Talibã, já que o assunto é comparação.

Vergonha diplomática

O Hamas não é a Palestina e não representa a Palestina. O Hamas é um grupo criminoso que usa a causa palestina como desculpa para tomar o poder na região e faz os palestinos de escudo humano para poder convencer ignorantes úteis de que são vítimas no processo.

Quando o ignorante útil é um chefe de estado, eles soltam fogos.

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