Cena Política

Existem candidaturas para vencer, outras para perder e outras para ajudar

Confira a coluna Cena Política desta terça-feira (5)

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Igor Maciel

Publicado em 04/03/2024 às 20:00
Análise
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Para definir quem irá disputar a Prefeitura do Recife pela federação PSOL/Rede, se vai ser Túlio Gadêlha (Rede) ou Dani Portela (PSOL), talvez seja o momento de perguntar quem, realmente, pretende vencer João Campos (PSB), no caso de ser escolhido. Quem está ali de verdade?

O deputado federal lançou sua pré-candidatura no fim de semana com a presença de Marina Silva (Rede). O discurso de Túlio é de mudança, de enfrentar o PSB que governa a capital há quase 12 anos e de resolver problemas históricos da cidade, como o trânsito, os buracos, a falta de habitações e a miséria.

Portela

Dani ainda não fez nenhum lançamento, mas uma foto dela com João Campos há alguns dias, numa visita dele em que a proximidade entre os dois ficou bem marcada, levou muitos a questionarem se ela é candidata para valer.

Conta também o fato de, num ambiente polarizado entre João e a governadora Raquel Lyra, Dani é a líder da oposição contra a governadora e a critica como nunca criticou Campos.

Há quem defenda que Dani Portela, na verdade, funcionaria apenas como linha auxiliar do socialista. Não condiz com a história dela, que protagonizou uma das mais consistentes ascensões políticas do Recife nos últimos anos, de vereadora mais votada à deputada estadual, em curto período, com a estrutura do PSOL que está longe de ser robusta.

Mas os fatos dos últimos dias colocam em dúvida se ela teria condições de ser adversária do socialista, como Túlio se propõe.

De verdade?

Dentro da própria federação PSOL/Rede, o grupo quer ser protagonista nessa eleição ou satélite da recondução de Campos? Talvez esteja faltando ao PSOL dar demonstrações de que a candidatura de Dani Portela é pra valer e não para ajudar o PSB. Túlio soube deixar isso claro.

E o PT

A presença de Marina Silva não foi a única que chamou a atenção no lançamento de Túlio. João Paulo (PT), deputado estadual e ex-prefeito do Recife, também esteve por lá. Se o PT tiver um candidato próprio e não apoiar João Campos (algo que ainda não foi totalmente descartado), o petista é o principal nome para representar o partido de Lula (PT) na eleição.

Dividir para conquistar

A principal aposta dos aliados do Palácio do Campo das Princesas contra o PSB é na estratégia que já deu certo em 2022.

A oposição lançaria múltiplas candidaturas, em vários segmentos diferentes. Daniel Coelho (Cidadania), Túlio Gadêlha (Rede), Gilson Machado (PL) e João Paulo (PT), somados, podem levar a eleição para um segundo turno, se cada um conseguir se aproximar de 15%. Ter que disputar o segundo turno, apesar de ter comemorado pesquisas com até 70% de intenção de voto no ano passado, pode ser trágico para os planos do atual prefeito, mesmo que seja reeleito no fim.

O racha no PDT

Algo que era inimaginável até bem pouco tempo atrás está acontecendo no PDT. Há um racha no partido. Carlos Lupi, o presidente nacional, e Wolney Queiroz, presidente estadual, estão indo por caminhos diferentes. Lupi anunciou apoio a Túlio em vídeo gravado para o evento de lançamento da pré-candidatura. Wolney e Túlio não se bicam.

O ex-deputado, que hoje é secretário-executivo do Ministério da Previdência (e número 2 do ministro, Lupi), avisou que seu grupo vai apoiar João.

Caruaru não

O PDT, é bom lembrar, embarcou no governo de Raquel Lyra e ganhou até secretaria. Wolney esperava apoio do Palácio ao pai em Caruaru, José Queiroz (PDT), mas isso nunca foi acertado. No anúncio do apoio, há algumas semanas, Lupi chegou a dizer que “tudo começava por Caruaru”.

Mas depois ficou bem claro que Caruaru nunca entrou na equação. O secretário que integra o governo Raquel, inclusive, é indicação de Lupi, não de Wolney.

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