O partido que precisa ser observado nas eleições municipais de Pernambuco não é o PSDB e nem o PSB.
O partido da governadora Raquel Lyra (PSDB) deve crescer muito este ano, por motivos óbvios. Um grande crescimento fortalece a posição da gestora para os próximos dois anos e até a eleição. Esse fortalecimento é esperado.
Já o partido de João Campos (PSB) ainda é um incógnita. Tendo dominado a maior parte das prefeituras todos os anos desde que Eduardo Campos era governador, os municípios sob controle dos socialistas devem ser reduzidos agora, sem contar com o apoio do Palácio do Campo das Princesas.
Essa redução, se for significativa, vai colocar dúvidas sobre as chances de João ser candidato ao governo em 2026, como alguns aliados mais empolgados defendem.
Aliados necessários
Seja qual for o cenário, nenhum dos dois (João ou Raquel) terá condições de chegar em 2026 dependendo apenas dos seus prefeitos eleitos dentro de seus partidos em 2024. É aí que o Progressistas, partido comandado no estado por Eduardo da Fonte (PP) e, no Recife, por Lula da Fonte (PP) entra na história. Os dois deputados federais realizaram um evento no PP do Recife, há alguns dias e o espaço estava concorrido.
Acontece que o PP deve fazer algumas dezenas de prefeitos em 2024. Isso coloca um “valor alto” na aproximação com o partido. É cedo ainda, mas se as projeções forem confirmadas, será impossível ignorar o PP.
Quatro dezenas
Eduardo da Fonte pretende lançar candidatos em até 80 municípios e acredita que pode eleger ao menos metade disso. Com quatro dezenas de gestores municipais, caso chegue a isso, será difícil um candidato ou candidata ao governo de Pernambuco não ter que conversar com o PP para ser competitivo em 2026.
De olho
Não é por acaso que o evento promovido pelo partido no Recife, para empossar Lula da Fonte como presidente municipal, foi prestigiado pela governadora Raquel Lyra, que fez até discurso na ocasião. Não é à toa que Pedro Campos (PSB), deputado federal e irmão do prefeito do Recife, também estava por lá.
Sempre presente
O PP foi base imprescindível para todos os governos estaduais dos últimos anos. Até mesmo após a morte de Eduardo, o governo Paulo Câmara foi obrigado a mantê-lo por perto quando buscou a reeleição em 2018 ou não teria governado por mais quatro anos.
Prefeituras hoje
Um levantamento rápido sobre as prefeituras e os partidos que as comandam chama atenção. O PP foi o partido que mais cresceu em número de prefeitos, mesmo antes da eleição. Até o fim de 2023, antes desse período pré-eleitoral, o partido de Eduardo da Fonte tinha 24 prefeituras, embora somente 17 tenham sido eleitos em 2020. Sete prefeitos migraram para o partido depois.
Se passar de 40 prefeituras em 2024, como planejado, significa um crescimento perto de 100%.
Lavareda
O cientista político e presidente do conselho científico do Ipespe, Antonio Lavareda, conversou com a Rádio Jornal na quarta-feira (13), no Passando a Limpo, sobre o trabalho do instituto de pesquisa durante as eleições portuguesas. O Ipespe foi escolhido pela CNN Portugal para realizar pesquisas diárias sobre o pleito que aconteceu no último domingo (10). Lavareda analisou o resultado e o futuro da política portuguesa após o pleito.
Todo dia
Um ponto importante sobre o trabalho do Ipespe em Portugal foi o modelo de tracking adotado. Trata-se de um levantamento diário, que acompanha as mudanças de humor do eleitorado a cada 24h e pode mostrar a evolução das campanhas com muito mais precisão. No Brasil, todas as grandes campanhas contratam esse tipo de pesquisa, mas não a divulgam. O professor Lavareda, na entrevista, concordou que é um modelo que poderia ser adotado para divulgação, como aconteceu em Portugal.
Nem sinal
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, garantiu que os fugitivos da penitenciária federal de segurança máxima ainda estão na região, apesar de investigadores dizerem que perderam a pista dos dois. Mais de 600 agentes de segurança, com auxílio de cães farejadores, estão envolvidos nas buscas há um mês. O custo para manter essas equipes por lá não é pequeno.
O ministério não divulga o valor exato, mas há estimativas de alguns milhões de reais.
Titanic
Impressiona a arrogância do sistema prisional federal no qual se parecia acreditar que era impossível fugir e, por isso, não havia qualquer tipo de redundância de segurança fora da unidade. As equipes de busca tiveram que improvisar quase tudo na medida em que foram chegando à região, sem falar no atraso para que as buscas começassem de fato.
É como se alguém fosse construir um navio e, acreditando que ele nunca iria afundar, fosse negligente em relação à quantidade de botes salva-vidas. Isso já aconteceu antes, com o Titanic.