Com os outros jogadores em campo, favoritismo no Recife vai se manter intacto?
Confira a coluna Cena Política desta sexta-feira (19)
Um deputado de um partido aliado a João Campos (PSB) e com muitos votos na capital soltou a seguinte frase, numa conversa informal com a coluna: “hoje em dia, dependendo do número de seguidores na sua rede social, se eles forem engajados, a realidade é o que menos importa”.
Ele se referia ao Recife, ao ser perguntado se as coisas andavam tão boas na cidade do jeito que as pesquisas pré-eleitorais mostravam.
Tudo bem
O atual prefeito, bom lembrar, tem uma das melhores aprovações de gestores públicos do país, com alguns levantamentos mostrando 80% de aceitação. Pesquisas quantitativas costumam apontar a direção sem detalhar o percurso.
Recentemente, foi realizado um levantamento, dentro de uma das pré-campanhas a serem confirmadas, mas este foi qualitativo. Num primeiro momento, os 80% de aprovação falam mais alto e todo mundo vai falando o quanto está satisfeito com o trabalho da prefeitura. Nada surpreendente, até aquele momento.
Tudo bem?
Mas quando os questionamentos vão se aprofundando, o conceito positivo começa a ter seus solavancos. Bastava começar a detalhar questões como satisfação com o trânsito, alagamentos constantes e o atendimento em unidades básicas de saúde, por exemplo, e as opiniões começaram a variar.
Esse exercício, de avaliar a satisfação antes e depois da conversa sobre os problemas do Recife, fez com que o nível de “regular” aumentasse e diminuísse o “ótimo” ou “bom”. As pessoas estão satisfeitas, mas só até a “página dois”.
PSD
É algo isolado, de um grupo pesquisado apenas, formado por um número mínimo de recifenses, mas pode detalhar o percurso para a oposição ao prefeito, hoje tido como imbatível em sua reeleição.
O primeiro programa do PSD, com Daniel Coelho (PSD) já sendo apresentado como o candidato à prefeitura, demonstrou que a campanha pretende seguir esse roteiro. A frase utilizada pelo pré-candidato é simples e cheia de eco: “está tudo bem, mesmo?”.
Não duvide, eles também fizeram uma pesquisa qualitativa. E o resultado, pelo jeito, foi o mesmo.
Entrando em campo
O tom do programa partidário do PSD foi sóbrio, sem exaltação, chamando para o diálogo e para a reflexão. É natural acreditar que as campanhas de oposição devam, em sintonia, embora separadas, construir e desconstruir, de acordo com o perfil.
O papel de Gilson Machado (PL), por exemplo, pode ser mais direto e incisivo, como ele já vem fazendo nas redes sociais, indo visitar obras municipais e apontando os problemas. O papel de Daniel Coelho pode ser mais reflexivo.
Sem falar no papel que a candidatura de Túlio Gadêlha (Rede) pode ter, se vier a ser candidato, caso resolva a disputa que trava dentro de sua federação com Dani Portela (PSOL).
Realidade
Campos ainda é o grande favorito. O fato de disputar a eleição dentro da prefeitura facilita muito as coisas. Sua sagacidade para lidar com situações políticas e não políticas é impressionante, mas o que define a eleição é o embate de estratégias e, com todos os jogadores aquecidos, não tem jogo ganho até que termine.
Impossível
Até agora o prefeito bateu bola sozinho no campo. O outro time ainda está saindo do vestiário. A maior dúvida é se ele conseguirá levar a disputa na primeira votação. Se for para o segundo turno, todos os cálculos terão que ser refeitos. E a ideia sobre o que é impossível hoje pode mudar.