Cena Política

O circo infantojuvenil que se armou em Brasília sob o teto da ética

Confira a coluna Cena Política deste domingo (9)

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Igor Maciel

Publicado em 07/06/2024 às 20:00
Análise

O Brasil é uma piada de mau gosto. E é fácil provar. A comissão de ética da Câmara Federal julgou o deputado André Janones (Avante) com o relatório sendo preparado por um aliado dele, Guilherme Boulos (PSOL), há alguns dias. No fim da sessão, o deputado teve a denúncia por suposta rachadinha em seu gabinete arquivada.

Mas o parlamentar quase foi às vias de fato com um colega de bancada por Minas Gerais, Nikolas Ferreira (PL), num episódio meio ridículo, meio grotesco, típico de ambiente mambembe, com personagens dignos de ópera bufa.

Infantojuvenil

A cena que antecede o ensaio de sopapos é típica de uma 6ª série do ensino fundamental.

Nikolas chama Janones por um apelido depreciativo. Janones responde com um xingamento. Aí o parlamentar bolsonarista diz que teve dez vezes a votação do outro, lulista. Janones então pergunta se Nikolas já entrou no Palácio do Planalto e diz que vai eleger Lula de novo em 2026.

Todo esse diálogo infantojuvenil tem ainda a participação de outro deputado, um sujeito chamado Zé Trovão (PL), com um chapéu de peão de rodeio, botas e postura de lutador de MMA.

Circo

Se o Brasil fosse um país sério, todos os envolvidos nessa patuscada de mau gosto seriam acionados imediatamente na comissão de ética, aproveitando que já estavam lá dentro.

Até se estivessem num picadeiro deveriam ser punidos pela associação dos trabalhadores de circo. O Brasil é uma piada ruim.

O que esperar

Convenhamos, como esperar seriedade de um sujeito que coloca peruca loira para tentar aparecer nas redes sociais no dia da Mulher (Nikolas em 2023).

Como esperar equilíbrio de alguém que foi buscar o diploma de deputado, ao ser eleito em 2022, com uma tornozeleira eletrônica (Zé Trovão), porque atacava instituições.

Como esperar a maturidade de um sujeito que acredita ter criado um movimento cultural, chamado “janonismo”, escreveu um livro exaltando a si mesmo e contando abertamente sobre como mentia nas redes sociais durante as eleições. Sim, este último é Janones.

Vai faltar

Completando o palco de bizarrices, como esperar que a comissão de ética julgue alguém, se o relator do processo contra o deputado é aliado do deputado e desconsiderou provas, como gravações contendo fortes indícios de rachadinha.

Coerência, já foi dito aqui, é algo que pode operar em qualquer frequência de ações, inclusive nas pouco republicanas. Não ser sério é atitude coerente com a média dos deputados atuais, infelizmente. Rachadinha é prática coerente com os atos de parte dos parlamentares também.

Se for usar esse padrão para processar e excluir parlamentares, convenhamos, teremos que convocar novas eleições por falta de deputados. Não sobraria quase ninguém.

Petrolina

Ao menos duas pesquisas feitas em Petrolina, as quais a coluna teve acesso, mostram que a situação do atual prefeito, Simão Durando (UB), não está tão boa quanto se imaginava. Aliado da família Coelho, Simão era vice e assumiu o posto quando Miguel Coelho (UB) renunciou para ser candidato a governador.

Segundo turno

Calma. Simão Durando continua sendo favorito. Mas era certo que a eleição acabaria no primeiro turno em Petrolina, num movimento muito parecido com o do Recife, unindo boa aprovação e base política consistente o domínio dos Coelho parecia irreversível. O que os levantamentos têm mostrado, porém, é que a chance de segundo turno é crescente.

Lóssio e Odacy

Júlio Lóssio, ex-prefeito e que já derrotou a família Coelho antes, está aparecendo bem entre os eleitores. Odacy Amorim (PT), que também já foi prefeito, tem aparecido com bom percentual nas pesquisas. Somados, podem levar a disputa para uma segunda etapa. Tal qual Recife, o favoritismo do prefeito no cargo por lá era tão grande que apenas ir para o segundo turno já pode ser encarado como derrota.

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