O Duplo Lula: Ensaio Geral para 2026

Lula dirá a Campos que aceita sem mágoa ser coadjuvante dele. E à governadora tucana dirá que aceitou ser coadjuvante de João mas "ficou injuriado".

Publicado em 01/07/2024 às 20:00

Nesta terça-feira (2), no Recife, Lula (PT) fará um ensaio geral da eleição de 2026. Chegará à capital de Pernambuco com a missão de ser dois.

Um Lula irá se colocar ao lado do prefeito João Campos (PSB) durante um evento pela manhã. O outro irá visitar a governadora Raquel Lyra (PSDB) no Palácio do Campo das Princesas no período da tarde.

Pela manhã, o Lula 1 defenderá a reeleição de Campos, independente de ele dar a vice ao PT ou não. À tarde, Lula 2 reforçará a parceria do governo federal com a gestão Raquel e com Pernambuco.

Duplo

Aos dois dirá que eles são sua prioridade. Aos dois vai posar para fotos com o ar blasé que aprendeu a fazer para, no futuro e no caso de brigarem, dizer que “já não estava à vontade quando fez a foto”.

A visita do presidente nesta terça-feira é um ensaio porque ele quer dois palanques em 2026 quando ele próprio for candidato à reeleição.

Lá e cá

Esse palanque duplo é um dos motivos para os petistas não fazerem questão da vice na chapa da prefeitura do Recife, mas também é o motivo para eles fingirem que fazem questão e anunciarem com tanta insistência suas sugestões de vice.

É preciso dizer que João Campos terá todo o apoio de que precisar, sem cobranças, mas também é preciso dizer a Raquel Lyra que ela terá todo o apoio de que precisar, sem cobranças.

Lula dirá ao socialista que aceita ser coadjuvante dele, "sem qualquer mágoa". E à governadora tucana dirá que aceitou ser coadjuvante de João mas "ficou injuriado".

Diferente

Ter dois palanques, quando as duas plataformas caminham em paralelos ideológicos, como foi com Humberto Costa (PT) e Eduardo Campos (PSB) em 2006, é mais fácil.

Naquela época, o adversário era o então governador Mendonça Filho. Qualquer um que fosse para o segundo turno com ele teria Lula como apoio.

Estar em dois palanques, como pretende Lula para a próxima eleição presidencial, tendo que se dividir entre dois adversários diretos e antagônicos como Raquel e João Campos, exige um malabarismo bem mais elaborado do que 20 anos atrás. Não é tão simples quanto antes.

Elástico

Nada que a elasticidade narrativa e a maleabilidade ideológica de Lula não tirem de letra, alguns podem dizer. Isso ele tem de sobra, é verdade.

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O problema é como o eleitor vai entender isso no pleito. Porque o sujeito votante de 2026 já será um pouco diferente do que Lula encontrou em 2022. E será consideravelmente diverso do que ele estava acostumado a levar na conversa até 2006.

Tudo será mais complicado para o petista, por isso ele começa a treinar já a partir de agora.

Ainda nada

Um questionamento que ninguém sabe se o presidente Lula fará diretamente à governadora, mas que já fez às pessoas que conversam com ela é porque ela ainda não deixou o PSDB.

Lula comentou com alguns interlocutores que, a essa altura, esperava que Raquel já estivesse fora do PSDB e integrada a algum partido de sua base no governo federal. O PSD comandado em Pernambuco pelo ministro de Lula, da Pesca, André de Paula (PSD), seria a opção mais esperada e viável para uma transição menos brusca.

Ninguém espera que Raquel vá pro PT. Mas ficar no PSDB, segundo o presidente, tem causado um certo estranhamento.

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