O que Bolsonaro percebeu sobre Marçal e a esquerda ainda não
Enquanto Pablo Marçal assusta apenas Bolsonaro e seu candidato em São Paulo, todo mundo faz vista grossa. Depois vai ser outra história.
Candidato a prefeito de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal tem tanta vocação e habilidade para ser gestor público quanto um pé de alface pode dar aula de filosofia. Não se trata de ser estúpido, porque ele é muito inteligente e só está conseguindo chamar atenção exatamente pela sagacidade.
Marçal é um bizarro engomadinho, que não come pão francês com leite condensado tal qual Bolsonaro fazia, mas usa roupa de marca e anda em carros caros.
Marçal é uma caricatura esquisita da classe média alta paulistana. Uma mistura de Tiririca com João Dória.
Acontece
Para quem acha que o paulistano não votaria num candidato assim, é bom lembrar que Tiririca é deputado federal por São Paulo e Dória já foi prefeito da cidade. Com esse perfil híbrido entre o esnobe e o escracho,
Pablo Marçal bagunçou a eleição de lá e isso precisa ser observado por todo o Brasil. Não apenas porque São Paulo é uma cidade importante que costuma promover candidatos à presidência, mas porque ele incomodou Jair Bolsonaro fortemente.
Futuro
Antes de Marçal, Bolsonaro estava apoiando o candidato líder das pesquisas, assistindo de camarote a polarização entre ele e Lula ser representada na maior cidade do país. Agora, seu candidato tem perdido terreno pela atuação de uma figura que se dizia um apoiador bolsonarista. Ricardo Nunes (MDB) perdeu terreno e viu Guilherme Boulos (PSOL) abrir vantagem. O atual prefeito está perto de ser ultrapassado até pelo próprio Marçal.
E o pior: Nunes não tem perfil para se candidatar a presidente no futuro se não tiver o apoio de Bolsonaro. Já Marçal, pode querer apostar nacionalmente, atrapalhando a sobrevivência política do próprio Bolsonaro, ocupando a faixa ideológica à direita na qual o ex-presidente é hoje ainda a maior liderança.
Risco Marçal
Bolsonaro demorou, mas entendeu o risco Marçal. Talvez a opinião pública e os políticos adversários ao bolsonarismo ainda estejam perdidos, sem entender o que está acontecendo ou saboreando os resultados da confusão. O risco é grande.
É que, enquanto o bizarro serve aos propósitos da esquerda, costuma-se fazer vista grossa.
Fizeram a mesma coisa com Bolsonaro, quando ele parecia ser apenas um palhaço que ajudaria a tirar votos do PSDB, ajudando o PT de Lula. Aí, chegou a eleição de 2018 e ele atropelou todo mundo.
Agora, todo mundo (menos Tábata Amaral) está fingindo normalidade, já que a entrada de Marçal ajudou Boulos nesse primeiro momento.
Depois que atropelar Nunes, ele vai parar em Boulos? E depois, vai parar em São Paulo?
Sim e muito pelo contrário
Prefeito, e candidato à reeleição no Recife, João Campos (PSB) está inaugurando o fim do tabu na esquerda de Pernambuco sobre armar a Guarda Municipal.
Foi necessário que o principal nome socialista atual precisasse contar com votos de eleitores que defendem o armamento da guarda para que fossem abandonadas, sem pai ou mãe, todas as teorias que eram sustentadas pelo próprio PSB e pelos aliados sobre isso não ser necessário, porque “só o Compaz já resolvia tudo”.
Já dá até para apostar que muitos dos que se diziam terminantemente contra vão, agora, ficar expressamente a favor.