Cena Política | Análise

Alguém precisa dizer ao presidente Lula quando ele erra

O comportamento machista do presidente não é engraçado, não é respeitoso e não condiz com a imagem que os apoiadores tentam passar dele.

Por Igor Maciel Publicado em 13/03/2025 às 20:00

A melhor maneira de perpetuar um comportamento é fingir que ele não acontece. Pais costumam fazer isso com filhos mimados. Crianças mimadas acabam se transformando em péssimos adultos. Quando um desses adultos se torna Presidente da República, torna-se um problema para todos.

Lula teve uma infância duríssima e está muito longe de ter sido mimado pelos pais. Não é esse o caso. Mas o atual chefe do Executivo é meio pai e meio filho do PT. Pelo partido e pelo grupo de esquerda que se formou ao seu redor, aí sim, foi muito mimado. E se tornou um adulto problemático.

Compre dez…

A ideia que persiste nesse ambiente é a de que Lula nunca errou. E, quando comete algum equívoco, a culpa é da lua, dos astros, do tempo ou da temperatura, nunca do próprio líder. Isso acaba provocando um problema quando o mundo muda, e por necessidade eleitoral o grupo começa a vender o líder como algo que ele não é.

Até pela conjuntura da época em que viveu, em sua formação social, Lula é machista, embora a antiguidade não seja desculpa. Mas quando os apoiadores o mimam para que ele não se aborreça, perpetuam o erro e o constrangimento de quem tem que escutar o que ele fala.

…e leve cinco

Lula seria só mais um “tio do pavê” proferindo impropérios verbais (como dizer que “colocou Gleisi Hoffmann, uma mulher bonita, para melhorar a relação com o Congresso”), não fosse ele o presidente da República.

Mais ainda, seria apenas um “tio do pavê”, caso não fosse apresentado todos os dias pelos petistas como o “príncipe da delicadeza humana e da consciência elevada em termos de gênero, sociedade e raça”. Coisa que Lula não tem como ser, nunca foi e nunca será, mas a imagem eleitoral dele é vendida com esses atributos.

Quem pode?

E para não macular esse produto, o próprio PT e a esquerda buscam relevar tudo o que ele fala. Como nesse episódio mais recente em que Gleisi, cuja competência foi reduzida pelo chefe a “ser bonita”, limitou-se a dar declarações dizendo que Lula “foi quem mais fez pelas mulheres no Brasil”.

O que ela diria se a frase tivesse saído de Jair Bolsonaro ou Michel Temer? Qual o critério? Por não terem feito nada para as mulheres, segundo Gleisi, eles não ganham o direito de ofendê-las? 

Recorrente

Em 2024, Lula já havia feito outras. Em um evento de uma montadora, tentou fazer graça dizendo ter achado que uma jovem negra, vencedora de um prêmio internacional e que participava da solenidade, ia fazer uma apresentação musical, “porque afrodescendente gosta de um batuque, ou era namorada de alguém”.

Na mesma época, disse ter ficado sabendo que a violência doméstica aumenta em dias de jogos de futebol. “Mas se for corintiano tudo bem”, soltou, outra vez tentando fazer graça sem nenhuma habilidade para isso.

Já em 2025, recebeu um olhar de reprovação de Janja ao dizer durante uma solenidade em que se colocava como “amante da democracia” que "na maioria das vezes os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres".

Mesma faculdade

O comportamento do presidente não é engraçado, não é respeitoso e não condiz com a imagem que os apoiadores tentam passar dele.

O problema aumenta quando movimentos feministas ligados à esquerda fingem que nada aconteceu. Não aparece nem uma linha de repúdio numa carta aberta ou coisa do tipo.

Seria melhor, então, parar de fingir e assumir que, na faculdade de falar bobagem, Lula não é muito diferente do seu antecessor, aquele que falava bobagens diariamente. Mas como fazer isso e continuar o discurso maniqueísta do bem contra o mal em 2026?

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