Conselheiros do presidente Lula suspeitam de sabotagem dentro do próprio Gabinete de Segurança Institucional (GSI), na esteira dos atos de vandalismo no Palácio do Planalto, no domingo (8). A intenção seria desestabilizar o atual ministro do GSI, Gonçalves Dias. A desconfiança foi reforçada após um cartão de acesso ao gabinete ter sido encontrado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em um ônibus dos invasores.
Vândalos que depredaram e invadiram o Palácio do Planalto também roubaram com facilidade pistolas que estavam dentro do GSI.
A fala de Lula de que “a porta do Palácio do Planalto foi aberta” foi interpretada como uma direta para a turma responsável pela segurança.
A cúpula do Planalto acompanha movimentos do nº 2 do GSI, general Carlos José Russo Penteado, membro do gabinete desde o governo anterior.
Dias tem a confiança de Lula, cuja segurança chefiou de 2003 a 2009. Entre petistas mais ideológicos, o general 4 estrelas não é bem-quisto.
Esperançosos para tentar reverter o resultado das urnas em outubro, deputados de oposição ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), não conseguem articular a aprovação de um pedido de impeachment na Câmara Legislativa. Reeleito no primeiro turno, Ibaneis também elegeu uma bancada majoritária no Legislativo e, mesmo afastado do cargo, tem o apoio de pelo menos 16 deputados distritais, segundo levantamento realizado por esta coluna.
Ibaneis foi afastado na madrugada do dia 9, após decisão monocrática de Alexandre de Moraes, depois confirmada pelo plenário do STF.
Deputados distritais do MDB estão convencidos de que Ibaneis está sendo punido por haver apoiado a reeleição de Bolsonaro.
Além do apoio do seu partido no DF, o governador também tem a solidariedade da maioria do MDB no plano nacional.
O PP não está nada disposto a se queimar para salvar da fogueira a deputada federal eleita Clarissa Tércio (PE). Enrolada com a invasão do Congresso, ninguém no partido sai em defesa da parlamentar.
A semana foi de ressaca no noticiário e na política, após as invasões e destruição de prédios públicos, em Brasília. No entanto, o Google Trends revela que o “BBB” dominou o interesse dos internautas desde 2ª-feira.
O ministro Flávio Dino (Justiça) vai propor ao presidente Lula mudanças no Distrito Federal. São propostas como a União assumir em definitivo a Segurança ou delegar à Força Nacional o patrulhamento da Esplanada.
O ex-ministro e ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres amenizou a proposta de decreto de estado de defesa apreendida pela PF em sua casa. Era um material para “ser triturado”.
A quebra do sigilo dos cartões coorporativos da Presidência da República revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro gastou cerca da metade que Lula no seu primeiro mandato, e 50% em relação ao ‘Lula II’.
O engajamento nas redes sociais de André Janones (Avante-MG) virou problema para o governo, que vê o deputado como ‘fermento’ do desgaste do ministro José Múcio (Defesa) com o caso da renúncia fake.
O Ministério Público do Distrito Federal abriu “procedimento preparatório” para avaliar a responsabilidade civil dos envolvidos na quebradeira na Esplanada. Já pediu laudos do Instituto Nacional de Criminalística, da PF, sobre os danos nos prédios do Planalto, Congresso e STF.
Foram tão graves os atos de vandalismo em Brasília, que não virou notícia o efeito cascata que o aumento sancionado por Lula vai provocar no Judiciário. A estimativa inicial é de cerca de R$ 20 bilhões.