PANDEMIA

Comércio em Pernambuco vai contratar 40% menos trabalhadores temporários para o Natal deste ano

Queda no número de vagas no estado é o dobro do percentual nacional, que ficou em 19,7%. Aumento do comércio eletrônico e movimentação ainda fraca nas lojas desestimula contratações.

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 21/10/2020 às 19:27
WELINGTON LIMA/JC IMAGEM
Comerciantes apostam no aumento do fluxo de clientes como sempre acontece no final do ano - FOTO: WELINGTON LIMA/JC IMAGEM
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A crise provocada pelo novo coronavírus ainda tem reflexos sobre o comércio. A oferta de vagas temporárias para o Natal deste ano será a menor desde 2015, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo projeção da entidade, 70,7 mil trabalhadores temporários serão contratados neste fim de ano para atender ao aumento sazonal das vendas. O número é 19,7% menor do que o registrado em 2019 (88 mil).

A taxa de efetivação dos temporários após o Natal também deverá cair. Segundo Fabio Bentes, economista da CNC, a queda é explicada pela incerteza quanto à capacidade da economia e do consumo de sustentar o ritmo de recuperação nos próximos meses. “É um cenário distinto daquele observado até 2014, quando, em média, 30% dos trabalhadores contratados costumavam ser efetivados”, conclui o economista da CNC.

PERNAMBUCO

Em Pernambuco a queda nas contratações deve ser ainda maior que a média nacional. Segundo Fred Leal, presidente do Sindlojas-PE, o comércio local deve oferecer em torno de 3 mil vagas este ano. Em 2019, foram 7 mil vagas. “O comércio como um todo está muito precavido. A queda nas vendas este ano está em torno de 60% a 70% em relação ao ano passado e recuperar essas perdas ainda vai levar algum tempo. O comerciante se acostumou a trabalhar com o efetivo reduzido, então hoje, menos é mais”.

Fred Leal acredita que mesmo as vendas do final do ano não chegarão ao patamar das vendas do ano passado, embora a Confederação Nacional do Comércio projete um crescimento de 2,2% em 2020. Em relação ao baixo número de trabalhadores temporários que devem ser efetivados, Fred Leal confirma a projeção da CNC. “O ano de 2021 ainda é uma icógnita. E com o fim do auxílio emergencial do governo, que ajudou muito o comércio e acaba agora em dezembro, o cenário de vendas fica ainda mais indefinido”, diz Leal.

Outro fator que contribuiu para a queda no número de contratações é o aumento do comércio eletrônico, explicou o presidente do Sindlojas. “Muitos setores substituíram as vendas presenciais pelas vendas online ”, diz Fred Leal. Ele não descarta, no entanto, que com a proximidade do Natal a movimentação nas lojas físicas cresça além do previsto. “Pode ser que no último momento a demanda nas lojas aumente, fazendo com que determinados setores, como vestuário e calçados, precisem de mais mão de obra para atender uma necessidade específica do lojista”, pondera. A Fecomércio-PE informou através de sua assessoria de imprensa que, nas próximas semanas, vai elaborar um levantamento específico sobre o mercado de trabalho temporário no Grande Recife.

NACIONAL

Segundo a Confederação Nacional do Comércio, todas as unidades da Federação devem apresentar menos oportunidades de empregos temporários no comércio varejista, em comparação com os últimos anos. São Paulo (17,9 mil), Minas Gerais (8,33 mil), Rio de Janeiro (6,92 mil) e Rio Grande do Sul (6,02 mil) concentrarão mais da metade (55%) da oferta de vagas. Pernambuco, segundo projeção da CNC, vai ofertar 3,2 mil vagas temporárias, sendo o sétimo estado do Brasil em número de oportunidades.

Ainda de acordo com a CNC, as lojas de vestuário e calçados, que historicamente respondem pela maior parte dos empregos temporários neste período do ano, deverão ofertar nacionalmente 30,7 mil vagas em 2020. Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo, ressaltou que esse total equivale a pouco mais da metade dos 59,2 mil postos criados em 2019. “Este ramo do varejo vem apresentando mais dificuldades de recuperar o nível de vendas anterior ao início do surto de covid-19”, diz Bentes. Somados ao ramo de vestuário, as lojas de artigos de uso pessoal e doméstico (13,7 mil) e os hiper e supermercados (13,4 mil) deverão responder por cerca de 82% das vagas oferecidas pelo varejo no Natal.

SALÁRIOS

A boa notícia, é que, segundo os cálculos da CNC, o salário médio de admissão para as vagas temporárias no Natal deverá ser de R$ 1.319, valor 4,6% maior em comparação com o mesmo período do ano passado. Os maiores salários deverão ser pagos pelas lojas especializadas na venda de produtos de informática e comunicação (R$ 1.618) e pelo ramo de artigos farmacêuticos, perfumarias e cosméticos (R$ 1.602), mas estes segmentos deverão responder por apenas 7% das vagas.

Em relação às profissões, a confederação estima que nove em cada dez vagas criadas devem ser preenchidas pelas cinco ocupações mais demandadas nesta época do ano: vendedores (34,6 mil), operadores de caixa (12,1 mil), atendentes (8,2 mil), repositores de mercadorias (6,9 mil) e embaladores de produtos (2,9 mil). Os maiores salários médios devem ser recebidospor operadores de caixa (R$ 2.272,78) e repositores de mercadorias (R$ 1.576,24).

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