Cena Política

Um bisonho com má intenção, uma raposa furtiva e o golpe que quase se deu

Confira a coluna Cena Política deste domingo (17)

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Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 16/03/2024 às 20:00
Análise
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Ainda em 2018, quando Jair Bolsonaro (PL) estava no antigo PSL e era candidato à presidência da República, numa entrevista a este colunista, na Rádio Jornal, o então candidato ao governo de Pernambuco Armando Monteiro Neto usou um adjetivo para o capitão do Exército que viria a ser presidente: “bisonho”.

Foi genial, porque a expressão bisonho, ao pé da letra, significa “soldado inexperiente”.

Bisonho

Não é nada agressivo, embora ninguém goste de ser chamado de bisonho por aí. Pode ser um bisonho com más intenções ou com boas intenções. Se era um bisonho bom ou mau não estava em julgamento ali por Armando.

Fato é que os episódios recentes da investigação sobre a tentativa de golpe, com depoimentos de generais confirmando a participação direta do ex-presidente dão a entender que Bolsonaro tinha más intenções, sim.

Ainda bem

Mas a bisonhice do ex-presidente o fez cercar-se de raposas muito mais espertas que ele, daquelas que sabem diferenciar os níveis de risco quando se trata de agir contra instituições. Entender limites para às próprias más intenções é o que diferencia uma raposa de um bisonho.

Para o bem do Brasil, a sorte é que o bisonho estava cercado dessas raposas.

Valdemar

Quando, acossado pela impopularidade, o então presidente se rendeu ao PL de Valdemar Costa Neto, não faltou quem o alertasse para o risco. O problema é que o alerta foi para o risco errado. Todo mundo dizia que Valdemar era desonesto e iria macular a imagem do governo. Ninguém teve coragem de dizer que Valdemar era esperto demais para aquele convívio.

E quando um bisonho, com poder, se acerca de raposas, tende a ser abandonado quando o barco balançar.

Eu? Nunca!

A divulgação dos depoimentos mais recentes, com os envolvidos na tentativa de golpe no fim de 2022, provaram isso. Valdemar abandonou Bolsonaro para salvar a si e ao PL, sem pestanejar.

Perguntado sobre as tratativas para um golpe partindo da ação de descredibilizar as urnas, disse que o partido só questionou o sistema de votação porque foi obrigado por Bolsonaro e que ele, pessoalmente, "nunca teve motivos para desconfiar das urnas".

PL questionou

Para quem não lembra, o questionamento foi feito oficialmente pelo PL, o que não foi aceito na época por Alexandre de Moraes. No fim das contas, o PL foi condenado por litigância de má fé a pagar uma multa de R$ 22 milhões. Agora, o risco é maior, porque o registro do partido pode ser cassado e Valdemar preso.

Quando

Se juntar o depoimento de Valdemar com o de Mauro Cid e dos generais, é difícil acreditar que Bolsonaro não será preso, porque não restam mais dúvidas sobre suas más intenções. A única dúvida é quando.

Nessas horas, quando a situação complica e a fatura fica alta demais, o bisonho que se vire para pagar.

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