Governo de Pernambuco volta atrás e adia autorização de aulas presenciais em escolas públicas da educação infantil e ensino fundamental
Medida foi anunciada pelo governador Paulo Câmara nesta terça-feira por causa do aumento de casos da covid-19 no Estado. Restrição não interfere nas escolas privadas
Atualizada às 21h30
As aulas presenciais em escolas públicas de todos os municípios pernambucanos para educação infantil e ensino fundamental não poderão mais ser retomadas a partir de 1º de março, como havia sido anunciado pelo governo de Pernambuco no início de fevereiro. Há em Pernambuco 1.135.108 alunos, nessas duas etapas da educação básica, nas redes estadual e municipais, segundo o Censo Escolar 2020, do Ministério da Educação (MEC). As redes podem seguir apenas com aulas remotas.
Nesta terça-feira (23), o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, informou, em pronunciamento, que a suspensão das atividades nessas unidades de ensino valerá até 12 de março devido ao aumento de casos de covid-19 no Estado. A decisão foi tomada após análise da situação epidemiológica de Pernambuco pelo Comitê Estadual de Enfrentamento à Covid-19.
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A medida não interfere no funcionamento das escolas privadas (todas as etapas da educação básica) e das estaduais que oferecem ensino médio, que já estão com autorização para presença de alunos e professores em seus prédios desde o início do ano. Nessas, permanece o ensino híbrido, ou seja, aulas remotas e presenciais.
De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, o novo calendário de retomada das aulas presenciais na rede pública ficará assim:
Anos finais do ensino fundamental: autorizado retorno em 15 de março (antes era 1º de março)
Anos iniciais do ensino fundamental: retorno em 22 de março (antes era 8 de março)
Educação infantil: 29 de março (antes era 15 de março)
Por causa da pandemia, colégios municipais estão fechados desde 18 de março do ano passado. Na rede privada, a liberação de funcionamento ocorreu a partir de outubro de 2020, por etapas. A rede estadual passou a receber as turmas do ensino médio também em outubro.
"O retorno presencial da educação infantil e do ensino fundamental envolve uma faixa etária que precisa de mais atenção com relação ao cumprimento dos protocolos. Neste momento, onde o número de casos de covid-19 está em alta em muitos municípios, precisamos ter uma cautela maior. O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 seguirá acompanhando e debatendo esse retorno, assim como analisando todos os passos a serem dados", destaca o secretário estadual de Educação, Marcelo Barros.
ADESÃO
"O desejo pela volta das aulas presenciais é grande tanto por alunos quanto por professores. Mas há também muita preocupação por causa da covid-19, principalmente porque estão aumentando o contágio e as mortes no Estado. Se o comitê estadual que monitora os casos entendeu que não é o momento de reabrir as escolas, vamos cumprir. Não se discute o mérito de uma decisão tomada baseada na ciência", afirma o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação de Pernambuco (Undime) e secretário municipal de Educação de Belém de Maria, Natanael Silva.
Segundo ele, mesmo com a autorização anterior do governo, que previa a liberação das aulas a partir da próxima segunda-feira, poucas cidades planejavam reabrir as escolas neste início de ano letivo. A opção é o ensino remoto, com aulas usando plataformas digitais ou gravadas e distribuídas em grupos de whatsapp. Também o envio de material impresso para os estudantes que não têm acesso à internet ou a equipamentos.
"A maioria dos municípios de Pernambuco não ia mesmo voltar agora com aula presencial. O anúncio do governo hoje culminou com o desejo das prefeituras", observa o presidente da Undime. Levantamento feito pelo JC segunda-feira (22) apontou que nenhuma das 14 cidades da Região Metropolitana do Recife previa ter aulas presenciais nos primeiros dias de março, mesmo que valesse o calendário inicial divulgado pelo Estado.
AMPLIAÇÃO
A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Ivete Caetano, aprovou o adiamento das aulas para rede pública da educação infantil e ensino fundamental. Porém defende que se estenda para o ensino médio da rede estadual.
"É necessário diante dos indicadores crescendo", diz Ivete. "É contraditório o governo proibir as aulas presenciais nas redes municipais e manter as escolas estaduais abertas. O governador Paulo Câmara deveria pelo menos fechar nas 63 cidades que ele anunciou o toque de recolher", observa.