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Prefeitura do Recife lança programa de distribuição de absorventes nas escolas municipais

A iniciativa também visa a redução das ausências das estudantes em dias letivos, durante todo o período menstrual

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Julianna Valença

Publicado em 08/07/2021 às 14:08 | Atualizado em 08/07/2021 às 18:39
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A Prefeitura do Recife lançou, nesta quinta-feira (8), um programa de combate à pobreza menstrual entre estudantes da Rede Municipal de Ensino do município. Segundo a gestão, o programa ‘Ciclo de Cuidado’ vai atuar na distribuição dos absorventes nas escolas durante o ano e no desenvolvimento de eixos de formação com foco em Educação Menstrual para os profissionais da educação, abordando questões sociais, biológicas, emocionais e ambientais. Cerca de 17 mil estudantes serão beneficiadas.

 

 

A iniciativa também visa a redução das ausências das estudantes em dias letivos durante todo o período menstrual com o objetivo de evitar prejuízos à aprendizagem e ao rendimento escolar destas. Além disso, o programa prevê ainda protocolos de atendimento e acolhimento às estudantes em parceria com as Secretarias de Saúde e da Mulher, bem como a produção de materiais informativos para estudantes, profissionais e pais ou responsáveis.

 

“Vamos trabalhar buscando apoio da rede de saúde pública e com a participação de profissionais capacitados, vamos promover também rodas de conversa sobre saúde menstrual e autocuidado. Queremos um programa que vá além da distribuição dos produtos de higiene íntima, mas que dê suporte com orientação para a saúde, bem estar e dignidade as estudantes”, pontua o secretário de Educação e Esportes, Fred Amancio.


Pobreza menstrual no Brasil

 

Algumas pesquisas realizadas no Brasil apontam dados alarmantes sobre a pobreza menstrual no país. Uma em cada quatro mulheres já faltou à escola por não poder comprar absorventes, segundo pesquisa da empresa Always, em parceria com a Toluna 1. Além disso, 45% das entrevistadas na pesquisa acreditam que não ir à aula por falta de absorventes impactou negativamente o seu rendimento escolar.

O mesmo estudo aponta também que a falta de dignidade na menstruação é um reflexo da desigualdade de gênero e é agravado pelo tabu em torno da menstruação.


O programa


Serão aplicados no Ciclo de Cuidado cerca de R$ 1,5 milhão, e, segundo a prefeitura, cerca de 17 mil estudantes beneficiadas. A Secretaria de Educação usou os 10 anos como idade mínima de referência para calcular o quantitativo das estudantes que serão beneficiadas com a distribuição dos absorventes descartáveis, baseando-se em dados que apontam que 90% das brasileiras têm o primeiro ciclo menstrual no intervalo entre 11 e 15 anos de idade.

“Educação e Saúde vão dialogar fortemente neste programa. Além da ausência na escola durante todo o ciclo do período menstrual das adolescentes, devido à falta de acesso aos produtos de higiene íntima, tem a questão do uso de materiais impróprios ou não higienizados que causam infecções e impactam diretamente na saúde”, ressalta o secretário de Educação e Esportes.


Segundo a prefeitura, a maior parte do escopo do programa Ciclo de Cuidado foi pautado em dois projetos da deputada federal Tabata Amaral (PDT), que propõe a distribuição gratuita de absorventes em espaços públicos - como escolas, postos de saúde e presídios. “A falta de acesso a itens de higiene menstrual acarreta perdas gigantescas para a sociedade, mas até então esse problema estava contido, sem visibilidade do poder público, por conta do tabu criado em torno da menstruação”, afirma Tabata Amaral.

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