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Em nova assembleia, professores da rede municipal do Recife decidem manter greve

Categoria se reuniu na tarde desta quarta-feira, no Clube Português do Recife. Greve começou dia 7 de março. Docentes reivindicam aumento de 33,24% do piso do magistério, determinado pelo governo federal, com rebatimento para toda carreira

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Margarida Azevedo

Publicado em 16/03/2022 às 17:25 | Atualizado em 16/03/2022 às 18:56
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Atualizada às 18h30

Professores da rede municipal do Recife decidiram manter a greve, iniciada dez dias atrás, em 7 de março. A decisão foi tomada durante assembleia realizada na tarde desta quarta-feira (16) no Clube Português, no bairro das Graças. A categoria reivindica o reajuste de 33,24% do piso salarial do magistério com repercussão em toda carreira e não somente para quem está no primeiro nível salarial.

Pelo menos mil docentes participaram da assembleia, segundo o Sindicato dos Professores da Rede Municipal do Recife (Simpere). A categoria estava dividida entre aceitar a proposta da Prefeitura do Recife ou continuar tentando avançar na negociação, mas a maioria preferiu não encerrar o movimento. Após a reunião, encerrada pouco depois das 17h, os professores fizeram uma passeata, indo até Praça do Derby.

O valor do piso, que era R$ 2.886 em 2021, foi reajustado em 33,24% em janeiro pelo governo federal, passando para R$ 3.845,63 (carga horária semanal de 40 horas para docente com nível médio). Cerca de 95 mil alunos estudam nas 325 creches e escolas municipais da capital.

Na última segunda-feira (14), a gestão municipal propôs que professores que ganham o piso tivessem o aumento de 33,24%, mais 1,73% de abono, a ser pago de uma só vez no mês de abril. São cerca de 900 profissionais nessa situação. Para aqueles que ganham acima do piso (a maioria), a prefeitura ofereceu 23% de reajuste e um abono de 12% durante nove meses.

Segundo uma das coordenadoras do Simpere, Anna Davi, vereadores tentaram que a prefeitura apresentasse uma nova proposta, mas a informação que a gestão municipal deu a eles é que não haveria essa possibilidade. Ou seja: não tem como avançar no que já foi proposto pelo Executivo municipal. 

PREFEITURA

Por meio de nota, a Prefeitura do Recife afirmou lamentar a manutenção da greve e ressaltou que a decisão dos docentes "prejudica mais de 90 mil alunos e suas famílias". E que espera "que a classe reavalie a decisão para que os prejuízos causados a esses alunos sejam minimizados o quanto antes".

A gestão municipal disse ainda que não há como avançar no que já foi colocado na última mesa de negociação, "chegando ao limite no reajuste salarial da categoria".  

Na nota, a prefeitura reforçou que a proposta apresentada "garante o aumento de 33,24% do piso do magistério municipal, assegurando que nenhum professor da rede receberia abaixo do piso nacional, que é de R$ 3.846,00. Este aumento contemplaria os docentes sem licenciatura, com formação de nível médio".

Por fim, o texto diz que "para os professores com licenciatura, especialização, mestrado e doutorado, e que já recebem acima do piso nacional, a gestão municipal ofereceu um aumento de 35%, sendo 23% na carreira a partir da folha de abril, e 12% de abono, que seria pago integralmente também em abril".

ABONO

Anna Davi diz que o pleito agora é justamente conseguir que a prefeitura incorpore esses 12% do abono no salário. "Não é verdade que teremos reajuste de 35% para quem está acima do piso pois na prática, incorporado ao salário, serão 23%. Os 12% restantes serão pagos em forma de abono, ou seja, a partir do ano que vem não entrarão nos nossos vencimentos", explica a coordenadora do Simpere.

"Ao não dar o percentual previsto no piso para toda a categoria, a prefeitura está descumprindo o nosso Plano de Cargos e Carreiras. E criando distorções, achatando a carreira. Um professor que está no início da carreira vai ganhar o mesmo de quem está há 30 anos em sala de aula", afirma Anna. 

Nesta quinta-feira (17) está programado mais um ato em frente à prefeitura, no Cais do Apolo, área central do Recife, a partir das 9h. E na sexta-feira (18) haverá uma nova assembleia da categoria. O local e o horário ainda não estão definidos.

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