Professores da rede municipal do Recife encerram greve sem conseguir reajuste do piso para toda categoria
Docentes decidiram suspender greve iniciada em 7 de março. A reivindicação era reajuste de 33,24% do piso salarial do magistério, previsto em lei federal, e com repercussão para toda a carreira
Atualizada às 17h50
Professores da rede municipal do Recife decidiram acabar, nesta sexta-feira (18), com a greve iniciada no último dia 7 de março. A categoria encerra a paralisação sem conseguir o que reivindicava: o reajuste de 33,24% do piso salarial do magistério com repercussão em toda carreira e não somente para quem está no primeiro nível salarial. As aulas, portanto, voltarão a acontecer a partir da próxima segunda-feira (21).
A decisão foi tomada durante assembleia realizada no Teatro Boa Vista, no bairro de mesmo nome, área central do Recife, com a participação de cerca de 1.200 mestres. O valor do piso, que era R$ 2.886 em 2021, foi reajustado em 33,24% em janeiro pelo governo federal, passando para R$ 3.845,63 (carga horária semanal de 40 horas para docente com nível médio). Cerca de 95 mil alunos estudam nas 331 creches e escolas municipais da capital.
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Os docentes vão aceitar a proposta da prefeitura de pagar o reajuste de 33,24% mais abono de 1,73% por nove meses para apenas 900 profissionais que recebem abaixo do piso. Esse aumento será retroativo ao mês de janeiro.
Para aqueles que ganham acima do piso (a maioria), a gestão municipal ofereceu 23% de reajuste, a partir de abril, e um abono de 12% durante nove meses (de abril e dezembro), mas pago numa única parcela, já no próximo mês.
"Decidimos suspender o movimento grevista e aceitar os 23% na carreira pois a prefeitura sinalizou com a possibilidade de discutir a incorporação dos 12% do abono a partir de janeiro do ano que vem", afirmou a coordenadora geral do Sindicato dos Professores da Rede Municipal do Recife (Simpere), Anna Davi.
"A categoria entendeu que valia a pena garantir esse ganho de 23% e continuar na luta pela incorporação do abono", ressaltou Anna. Em sala de aula há cerca de 5 mil professores, mas no total, os profissionais de educação da rede municipal de Recife somam aproximadamente 9 mil pessoas.
A ameaça de desconto dos dias parados no salário dos grevistas e o risco de a prefeitura retirar a proposta de reajuste pesaram no recuo dos professores. Na votação da assembleia, a aprovação pelo fim da greve foi quase unânime.
"Apesar de não termos conseguido o percentual que queríamos, o sentimento da categoria é de vitória pois avançamos no índice de reajuste. Saímos de 1,5%, que foi a primeira proposta da prefeitura, para 23%", afirmou Anna.
O Simpere vai encaminhar um ofício para a prefeitura comunicando sobre o fim da greve e solicitando a retomada da mesa de negociação para discutir agora questões pedagógicas. Um dos pontos da pauta é a liberação de afastamento para os docentes fazerem mestrado ou doutorado.
PROJETO DE LEI
Por meio de nota, após a notícia de encerramento da greve, a Prefeitura do Recife informou que até o final deste mês vai encaminhar o projeto de lei sobre o reajuste salarial dos professores para apreciação e votação na Câmara Municipal de Vereadores.
A gestão destacou que durante a greve "as escolas permaneceram abertas para que fosse garantida a segurança alimentar dos estudantes que contam com a merenda".
No texto, a prefeitura disse ainda que com o aumento de 33,24% nenhum professor da rede receberá salário abaixo do piso nacional. "Esse aumento contempla os docentes sem licenciatura, com formação de nível médio", observa a gestão.
"Também fez parte da proposta do Executivo Municipal o reajuste salarial para os professores com licenciatura, especialização, mestrado e doutorado, e que já recebem acima do piso nacional. Para estes profissionais a gestão municipal oferece aumento de 23% na carreira a partir da folha de abril e abono de até 12%, sendo pago integralmente também em abril".
A Secretaria de Educação do Recife vai alinhar com os diretores das escolas como será feita a reposição dos 10 dias letivos que ficaram sem aulas por causa da greve.
GRANDE RECIFE
Na Região Metropolitana do Recife, somente seis das 14 cidades já anunciaram que vão reajustar os salários dos professores das redes municipais considerando no mínimo o índice de 33,24% definido pelo governo federal.
Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Ipojuca e Igarassu aumentarão os vencimentos dos docentes, com repercussão em toda a carreira. Em Itapissuma, será apenas para quem está no primeiro nível salarial.
Em Camaragibe, Itapissuma e Ipojuca, o índice de aumento é 33,24%, previsto pela União. Olinda dará reajuste de 34%, Igarassu 35,5%, Jaboatão dos Guararapes, 36%. Nas escolas estaduais, o governo de Pernambuco vai dar 35% de aumento.