As merendeiras da rede estadual de ensino receberam o salário de janeiro, que estava em atraso, entre essa terça (28) e quarta-feira (1º), após amplas cobranças ao Governo de Pernambuco. Contudo, ainda não caíram em suas contas os auxílios-alimentação e transporte.
Com isso, muitas das 600 trabalhadoras que haviam paralisado as atividades, voltaram às escolas nesta quarta. Elas são terceirizadas e vinculadas à empresa Servitium.
Mas a orientação do sindicato que representa as merendeiras de Jaboatão, Cabo, Ipojuca e Moreno é de que todas sigam em paralisação, por ainda não terem recebido o valor das passagens de ônibus para se locomover até o trabalho.
"Acredito que pagaram, só que o ticket e passagem são pagos geralmente em boleto e tem que ter a compensação. Porém, enquanto essa compensação não houver, a paralisação continua, porque sem passagem, o trabalhador não tem como se deslocar até o trabalho", disse Rodrigo Braytiner, assessor administrativo do Sindprest.
O próximo pagamento de salário, referente a fevereiro, deve ser feito no 5º dia útil de março, na próxima quarta-feira (8).
As demais classes terceirizadas ligadas à Educação no Estado, como porteiros, vigilantes e auxiliares de serviços gerais, continuam sem receber, de acordo com o sindicato Stealmoaic.
TRABALHADORAS SEM COMIDA
O caso foi denunciado ao JC nessa terça (28), quando mostrou que as responsáveis por manter os 534 mil estudantes que compõem as 1.059 escolas da rede estadual de Pernambuco bem alimentados não tinham comida na própria casa.
"Minha casa não tem mais nada. Não posso comprar em cartão porque estou devendo. Não tenho dinheiro para fazer compras. Não recebemos salário, ticket alimentação ou passagem de ônibus. Em janeiro, paguei minha própria passagem para não ficar sem trabalhar", contou Aline Ramos*.
Diante das violações de direito, o Stealmoaic denunciou o caso ao Ministério Público do Trabalho de Pernambuco (MPT-PE) e ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
No mesmo dia, o presidente do Sindicato, o vereador Rinaldo Júnior (PSB), protocolou um ofício no Palácio do Campo das Princesas solicitando uma audiência com a governadora Raquel Lyra (PSDB) para tratar do assunto. Até agora, entretanto, não recebeu uma resposta.
RESPOSTA DO GOVERNO DO ESTADO
A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE) informa que os pagamentos referentes ao mês de janeiro de algumas empresas terceirizadas responsáveis pela contratação de merendeiras já foram devidamente regularizados. "Outros estão em fase de regularização. Cabe exclusivamente às contratadas o repasse de todos os direitos dos funcionários (como vale-transporte), incluídos contratualmente e pagos integralmente pela gestão estadual".
"O fluxo de pagamentos está seguindo o processo normal previsto nos contratos. A administração esclarece que, cumprindo os trâmites ordinários da inauguração de um exercício fiscal na administração pública, a programação financeira para pagamentos do corrente ano foi liberada em 28 de janeiro, a partir de quando se permitiu às unidades gestoras o registro de notas de empenho de serviços efetuados este ano. Sublinhe-se que, atentos a essa previsibilidade, todos os contratos das empresas terceirizadas preveem esse intervalo (90 dias), não sendo justificável atraso nos repasses aos respectivos funcionários".
Por fim, a pasta diz que, de acordo com informação da Secretaria da Fazenda, a Educação iniciou a atual gestão com R$ 224 milhões de Restos a Pagar referentes a 2022 e que todos os esforços estão sendo empenhados no sentido de regularizar as dívidas acumuladas pela gestão passada.
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