Alunos e professores da rede pública do Recife e de Belo Jardim embarcam para intercâmbio cultural em Portugal
Eles participam da sétima edição do projeto "Era uma Vez...Brasil" e vão passar dez dias no país lusitano
Vinte e quatro estudantes da rede municipal de ensino das cidades do Recife e de Belo Jardim, além de dois professores de cada município, embarcaram rumo a um intercâmbio cultural em Portugal, nesse sábado (11).
Eles participam da sétima edição do projeto "Era uma Vez...Brasil", que busca recontar a história do país por meio de narrativas, não mostradas pelos livros didáticos tradicionais, que exaltam a importância dos povos originários na construção do Brasil.
Em Pernambuco, o projeto mobilizou 34 professores de 27 escolas diferentes, com 836 estudantes inscritos. Voltado para alunos e professores de História do oitavo ano da rede pública de ensino, o “Era Uma Vez… Brasil” trabalha nesta edição com o recorte temático “Mais do que o Ipiranga: as independências de outros Brasis”. Em todo o país, 120 brasileiros participam desse intercâmbio com duração de 10 dias.
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Todos os estudantes selecionados já participaram de oficinas de audiovisual nas áreas de interpretação, roteiro, som e fotografia, além de vivências afro-brasileiras e indígenas em encontros com representantes dos Xukurus do Ororubá, dos Quilombos Catucá e Barro Branco, do Terreiro Santa Bárbara Nação Xambá e de etnias indígenas de Pernambuco.
“Agora chegou o grande momento de construirmos essa nova história com os estudantes. É uma oportunidade única, de dez dias que, com certeza, simbolizam muito mais do que apenas uma viagem ao exterior”, diz Marici Vila, diretora executiva do “Era Uma Vez... Brasil”.
ETAPAS DO PROJETO
Na primeira etapa, chamada de “Fatos Históricos” e finalizada em maio, o projeto mobilizou professores de História. A partir desses encontros, os docentes propuseram atividades em sala de aula para os alunos inscritos. Os estudantes produziram mais de 300 histórias em quadrinhos (HQs) e vídeos de até um minuto com a temática do projeto.
Os adolescentes que criaram as 100 melhores HQs seguiram para a etapa de oficinas e irão integrar o livro “Era uma vez... Brasil”, que será distribuído em escolas e bibliotecas no Brasil e em Portugal.
Heitor Ferreira Batista, 13 anos, foi um dos nove alunos do Recife, além de 15 estudantes do município de Belo Jardim, selecionados para participar do intercâmbio. “Foi uma notícia meio que alegre e inesperada ao mesmo tempo, pois eu fiz por merecer. Me destaquei onde eu consegui, mas também acho que foi mais pela fé mesmo, porque tinham pessoas no mesmo grupo que eu, na minha visão, que se destacaram mais. De toda forma, me orgulho muito de mim mesmo. Foi um momento mágico”, desabafa o estudante.
A vontade de Heitor de chegar pela primeira vez a Portugal mobilizou toda a família, comunidade onde mora e amigos. “Só fui pedir permissão aos meus pais depois que estava inscrito. Como moro com meu pai e minha avó, eles disseram que era uma chance que eu não deveria desperdiçar. Minha mãe se preocupou, mas depois de muita insistência, deixou que eu fosse. Passei esses sete dias de acampamento muito feliz, sempre falando com eles. No dia que eu cheguei no campus foi o dia que meu irmão nasceu, então é um dia que eu jamais vou esquecer”, relembrou.
Professora da escola CEM (Centro de Excelência Municipal) Professor José Vieira da Costa, no município de Belo Jardim, Agreste do Estado, Aline Maciely do Nascimento Silva tem vontade de sobra de aprender mais sobre o processo de colonização brasileira, com um novo olhar sobre esse episódio histórico, evidenciado por meio do projeto “Era Uma Vez…Brasil”.
“O projeto nos levou a descortinar os processos de independência existentes em nosso País, que por questões política, econômicas e sociais, dominada pela elite, resultou em pessoas oprimidas e grupos discriminados sem evidência nesse recorte da história no qual foi traçado a independência do Brasil. A partir da ressignificação do tema, ao repassar aos meus alunos e alunas, é lindo e gratificante vê-los agregando essas aprendizagens e as reproduzindo nas HQs como agentes formadores de opinião, na busca de uma sociedade igualitária e um País mais justo", detalhou a professora.